sexta-feira, 25 de dezembro de 2009


No encerramento dos trabalhos legislativos de 2009, o presidente do Senado, José Sarney (PMDB-AP), comemorou os "números extremamente positivos" da Casa. Afinal, foram votados 70% a mais de matérias do que ano passado. "Terminamos com a sensação do dever cumprido. Superamos uma extensa pauta que se destacou pelo volume e a qualidade dos assuntos tratados", afirmou Sarney, há alguns dias. O discurso otimista do peemedebista, contudo, passa ao largo da sucessão de denúncias que envolveu servidores, senadores e o próprio Sarney ao longo do ano. Um turbilhão que acabou com o clima de cordialidade reinante nas relações pessoais do Senado. E que, no próximo ano, com eleições à vista e fraturas não curadas, promete manter a temperatura política elevada.

Em matéria de escândalo, o Senado ganhou fácil em 2009 da Câmara, protagonista nos últimos anos de casos de irregularidades dos mais variados, do mensalão e dos sanguessugas à farra das passagens. De crise em crise, o Senado montou um cardápio variado: a queda de poderosos diretores, a descoberta de atos secretos, a cobrança pela saída do presidente da Casa e, por fim, o adiamento para o próximo ano da implementação da reforma administrativa, apresentada como solução moralizadora para os males descobertos.

Senadores da base aliada afirmam que, apesar dos números positivos das votações, as sucessivas crises repercutiram negativamente na agenda de votações. Discussões como as reformas tributária e política não tiveram espaço na pauta, recheada de denúncias. "Nada disso conseguiria avançar porque não havia ambiente", diz Arruda. A convivência deteriorada também contaminou as relações entre funcionários. A desconfiança foi tamanha que houve servidores filmando colegas atrás de denúncias ou de olho em chantagens.

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