domingo, 4 de dezembro de 2011

Eudes Mota expõe trabalho atual ao completar 60 anos, a partir deste sábado

Galeria Mariana Moura recebe exposição que homenageia Mauro Mota e Paulo Freire

“Uma coletiva de uma pessoa só”. Assim o artista plástico define a exposição Cartilha de Eudes Mota, que será aberta neste sábado, a partir das 14h, na Galeria Mariana Moura. A mostra reúne 18 peças e conjuntos de obras todos realizados neste ano, para homenagear os 100 anos do poeta Mauro Mota e os 60 do autor e ganharam ainda a influência de Paulo Freire, que também completaria 90 anos em 2011.

A variedade de estilos e técnicas impressiona. “Queria dar tudo de mim nessa exposição. Afinal, são 60 anos de vida e 50 de carreira. Eu decidi fazer uma exposição completamente diferente de tudo que eu fiz antes”, explica, ressaltando que as obras selecionadas fazem parte de seu trabalho mais autoral e que deveria demorar para serem compreendidas, mas nesse caso o futuro chegou muito rápido.

Quase um pai e mais amigo do que tio, assim Eudes explica quem foi Mauro Mota na sua vida. A poesia do centenário escritor pernambucano se encontra e confunde com a pedagogia de Paulo Freire na exposição Cartilha. Em uma das pinturas, se lê apenas as palavras: LUA. LIA. LOA. O pintor explica que seu tio escreveu alguns poemas para sua esposa, Lua Mota, com quem completa 30 anos de casamento neste sábado. Porém, Eudes escolheu justamente um texto escrito antes deles se conhecerem para fazer essa lembrança.

“O que está aqui é a cultura de Mauro Mota e a educação de Paulo Freire”, tenta resumir o artista. Para depois lembrar, que reuniu na mostra também a luta para superar a deficiência auditiva com que convive desde os quatro anos. Sem esquecer de homenagear a sua esposa e “como eu sou um artista geométrico eu quis colocar um pouco de mim também”.

Auto-retrato com cartilha, uma pintura em acrílico sobre tela recortada de madeira, recebe quem entra no salão da galeria com frases tiradas do trabalho de Paulo Freire. “A fome mata o povo”. “O povo mata a fome”. Os perfis, um com chapéu e outro sem, olham-se como que deixando claro que o artista decidiu olhar para si mesmo e reunir o seu melhor nesta mostra. Numa outra parede, dentro de uma gaveta de um birô antigo, uma roupinha pendurada por cabide pode lembrar o visitante desavisado da escultura de bailarina de Degas, com o vestidinho desgastado, que se encontra no Museu D’Orsay, em Paris. “Minha primeira roupa”, esclarece Eudes. Para depois explicar que todas as obras estarão à venda, mas para tentar diminuir o risco de perdê-la vai cobrar R$30 mil pelo Timão de Eva, como é chamado o objeto.

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