Neste mês e meio de São Paulo e interior paulista, uma coisa percebi: praticamente todas as pessoas com as quais falei mostraram-se bem informadas, inteligentes ou de rápida compreensão.
Nos primeiros dias, achei um tanto estranho mas logo me habituei. Fosse pessoalmente ou pelo telefone, as pessoas em lugar de dizerem « sim, sim » em sinal de assentimento, ou aquele maçante « hamham » no telefone, diziam sempre « entendi ».
Como se tivessem todas combinado, na casa de familiares, na rua, no taxi, na livraria, na padaria, era só eu fazer uma afirmação ou contar qualquer bobagem, nessas conversas sem compromisso que se trava num ônibus ou no metrô, e vinha sempre « entendi! ».
Mas entendeu o quê ?, dava vontade de dizer, pois não tinha feito nenhuma pergunta. Quando constatei ser uma reação geral, me veio a idéia de terem sido acometidos meus concidadãos da metrópole de uma epidemia oral, incontrolável, passageira (como todo modismo linguístico) mas inquietante.
Pior que o pensamento único, é ouvir-se todo mundo, como numa orquestra bem regida, dizer e repetir a mesma coisa. E, na tentativa de localizar a procedência e o mecanismo provocador desse comportamento oral coletivo, imaginei que poderia ser alguma telenovela, mas não parece haver nenhum personagem com o cacoete de dizer « entendi, entendi » a todo momento.
De onde saiu essa identificação geral com a primeira pessoa do particípio perfeito do verbo entender ? Quem começou a dizer « entendi » e por que acabou sendo imitado por todos? Não pude localizar o agente desencadeador e nem poderia, numa cidade de doze milhões de pessoas que, maquinalmente, dizem « entendi », quando ninguém lhes pergunta se entenderam.
Encontrei um amigo, versado em semântica e vícios de linguaguem, e lhe perguntei que seria um modismo. E, para meu desespero, ele que é universitário, dono de um grande vocabulário, me respondeu com uma afirmação redundante :
Com certeza!
Desespero, porque, antes do « entendi », na minha viagem precedente, todo mundo falava « com certeza! ».
De onde surgem essas expressões, que logo envelhecem como o « falou! », « beleza! » ? Se você sabe ou tem uma idéia, conte, porque acho uma « beleza », uma língua tão viva como a nossa, mas não « entendi » ainda o mecanismo de reprodução dessas expressões a ponto de afetarem quase a totalidade da população.
Nos primeiros dias, achei um tanto estranho mas logo me habituei. Fosse pessoalmente ou pelo telefone, as pessoas em lugar de dizerem « sim, sim » em sinal de assentimento, ou aquele maçante « hamham » no telefone, diziam sempre « entendi ».
Como se tivessem todas combinado, na casa de familiares, na rua, no taxi, na livraria, na padaria, era só eu fazer uma afirmação ou contar qualquer bobagem, nessas conversas sem compromisso que se trava num ônibus ou no metrô, e vinha sempre « entendi! ».
Mas entendeu o quê ?, dava vontade de dizer, pois não tinha feito nenhuma pergunta. Quando constatei ser uma reação geral, me veio a idéia de terem sido acometidos meus concidadãos da metrópole de uma epidemia oral, incontrolável, passageira (como todo modismo linguístico) mas inquietante.
Pior que o pensamento único, é ouvir-se todo mundo, como numa orquestra bem regida, dizer e repetir a mesma coisa. E, na tentativa de localizar a procedência e o mecanismo provocador desse comportamento oral coletivo, imaginei que poderia ser alguma telenovela, mas não parece haver nenhum personagem com o cacoete de dizer « entendi, entendi » a todo momento.
De onde saiu essa identificação geral com a primeira pessoa do particípio perfeito do verbo entender ? Quem começou a dizer « entendi » e por que acabou sendo imitado por todos? Não pude localizar o agente desencadeador e nem poderia, numa cidade de doze milhões de pessoas que, maquinalmente, dizem « entendi », quando ninguém lhes pergunta se entenderam.
Encontrei um amigo, versado em semântica e vícios de linguaguem, e lhe perguntei que seria um modismo. E, para meu desespero, ele que é universitário, dono de um grande vocabulário, me respondeu com uma afirmação redundante :
Com certeza!
Desespero, porque, antes do « entendi », na minha viagem precedente, todo mundo falava « com certeza! ».
De onde surgem essas expressões, que logo envelhecem como o « falou! », « beleza! » ? Se você sabe ou tem uma idéia, conte, porque acho uma « beleza », uma língua tão viva como a nossa, mas não « entendi » ainda o mecanismo de reprodução dessas expressões a ponto de afetarem quase a totalidade da população.
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