quinta-feira, 12 de julho de 2012
Em carta, Jungmann explica retirada de candidatura
O pós-comunista Raul Jungmann acaba de enviar carta ao blog explicando a retirada de sua candidatura. Para amanhã, prometeu outro documento, justificando o apoio do PPS ao PSDB. Segue a íntegra.
Por que não fui candidato a prefeito do Recife
Por Raul Jungmann
Por dois motivos: voto útil, o principal, e carência de recursos financeiros.
Quando iniciamos a corrida ao Palácio Capibaribe, éramos quatro candidatos de oposição, disputando entre si para ver quem iria ao2º turno com o prefeito João da Costa, então com índices de reprovação acima dos 70%.
Logo esse cenário foi superado e um segundo se delineou, com a imposição de Humberto Costa pelo PT. Tudo bem, seguimos, os quatro mosqueteiros, adiante, com o acordo tácito que, fosse quem fosse de nós ao segundo turno, teria o apoio dos demais.
Foi quando, para surpresa geral, o governador Eduardo Campos lançou um candidato pelo PSB, desafiando o PT e Lula, algo dificilmente imaginável pouco tempo atrás.
Nesse momento, ficou claro para nós que isolados uns dos outros não teríamos mais votos que o palanque do PT ou o do PSB, correndo o risco de morrer na praia, isto é, no 1° turno.
Então, fomos os primeiros a fazer um chamamento à razão, afirmando que quatro candidatos eram demais e que teríamos que reconstruir nossa unidade, marchando com um único palanque.
Passados alguns dias, numa segunda-feira, após duas reuniões em pleno São João, entre os quatro candidatos em busca da unidade, para nossa surpresa o PMDB aliou-se ao governador. Ou seja, um novo cenário, o quarto, em menos de 30 dias...
De imediato ficou claro que a eleição seria polarizada entre os dois palanques: um, com Lula, Dilma, Humberto Costa e João Paulo; outro, com Eduardo Campos, Jarbas e mais 18 partidos. Donde pouco ou quase nenhum espaço restaria para a oposição, já que os socialistas se posicionavam como contrários ao governo do PT.
Nessas condições, quem entrasse na parada com estes dois mega-palanques, ou teria uma forte musculatura de recursos financeiros ou seria tragado pelo “voto útil”, dias antes do pleito.
Bom, “musculatura financeira” jamais foi nosso forte.
Nossa força reside na palavra, valores, princípios, trabalho e garra. Logo, estávamos mal parados numa disputa que envolverá dezenas de milhões de reais, além das poderosas máquinas estadual e federal, com seus milhares de cargos, aliados, interesses privados e bilhões em orçamento público. E sem chances de unidade entre os partidos de oposição que sobraram do lado de cá, PPS, PSDB e DEM.
Nesse embate, corríamos o risco de sucumbir melancolicamente. Mais: arriscávamos a eleição dos que, ao nosso lado, procuravam alcançar uma vaga na Câmara Municipal.
A prudência e o bom senso recomendavam adiar, não desistir, do sonho que acalentávamos desde 2004: cuidar do Recife.
E foi isso que fizemos. Com tristeza, de luto, mas com a serenidade que advém da certeza de que leváramos, até o limite do possível, o nosso projeto comum.
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