segunda-feira, 16 de julho de 2012

Jornalista lança livro sobre a resistência civil à ditadura militar

O repórter Paulo Moreira Leite explora a participação do cidadão comum na luta pela redemocratização do País em 'A mulher que era o general da casa'


Divulgação
Capa do livro A mulher que era o general da casa, do jornalista Paulo Moreira Leite
Um dos aspectos menos explorados quando se fala em resistência ao regime militar (1964-1985), a participação da sociedade civil, é o tema do livro A mulher que era o general da casa, do jornalista Paulo Moreira Leite, que será lançado nesta segunda-feira, às 18h30, na Livraria Cultura do Conjunto Nacional, em São Paulo.
Repórter especial da Época, Moreira Leite somou, no exemplar de 244 páginas, reportagens realizadas em sua carreira com novos depoimentos, entrevistas e pesquisas. Dos nove perfis que compõem a obra, o de Therezinha Zerbini, pioneira da luta pela anistia é uma novidade.
"Vi que (a história de Therezinha) era a grande história. Ela era muito corajosa. Ela era uma mãe e, em 1964, quando tem o golpe e o marido dela, que era um general legalista, é preso, a primeira atitude é achar o marido. Ela liga para o Castello Branco, que liderou o golpe, e consegue visitá-lo", conta o jornalista ao iG sobre a personagem que inspira o título da obra.


"No ano seguinte, ela organiza shows para ajudar os perseguidos. Transforma a casa dela num lugar para cuidar, por exemplo, de estudantes que apanharam da polícia. E ela era uma pessoa comum. Uma funcionária dos Correios."
Além de Therezinha, são personagens do livro o reverendo Jaime Wright - um dos responsáveis pelo Brasil: Nunca Mais, projeto que realizou, clandestinamente, um levantamento sobre vítimas e algozes da ditadura militar - o sociólogo Florestan Fernandes, o político Plínio de Arruda Sampaio, o jornalista Washington Novaes, o rabino Henry Sobel, o bibliófilo José Mindlin, o militante Armenio Guedes e o embaixador norte-americano Lincoln Gordon - que, na contramão dos outros perfis, foi um dos articuladores do golpe.
"A gente está acostumado, quando se trata de ditadura, a ouvir e falar sobre a luta armada. No meu livro, não. Eram mães, padres, reverendos, rabinos. Gente que tinha sua própria vida de cidadão comum e se enagajou na questão da luta pela democracia. É um aspecto que é pouco explorado", afirma Moreira Leite.
Quanto a uma possível contribuição à  Comissão da Verdade , o jornalista afirma que sua obra colabora com um conhecimento mais amplo sobre a luta democrática. "Esse livro pode contribuir no sentido de fazer uma discussão sobre uma coisa necessária, que é saber a verdade."
A mulher que era o general da casa - Histórias da resistência civil à ditadura
Autor: Paulo Moreira Leite
Editora: Arquipélago Editorial
Ano: 2012
Idioma: Português
Especificações: 244 páginas
Preço: R$ 36
fonte:iG

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