Morre o ator, diretor e crítico teatral Enéas Alvarez

O eterno Rei Momo do Carnaval pernambucano tinha problemas de saúde graves em decorrência da obesidade

Morreu nesta segunda-feira o advogado, ator, crítico teatral e eterno Rei Momo do Carnaval pernambucano Eneas Alvarez. Aos 64 anos, o jornalista vinha sofrendo de uma série de complicações surgidas por conta do excesso de peso. No mês passado, ele sofreu um infarto e conseguiu sobreviver, mas hoje não resistiu e faleceu no Hospital Esperança, às 6h15.

Para o pesquisador da história do teatro pernambucano e ator Leidson Ferraz: "fica a memória de um ator e cronista muito competente e que sempre foi uma pessoa muito alegre". Familiares informaram que o enterro do ator deve ser realizado amanhã, mas ainda não sabem informar horário e local.

Em agosto de 2009, Enéas deu sua última contribuição às artes cênicas pernambucanas ao lançar Casa de espetáculos: crônicas, críticas e comentários, marcando os 50 anos de teatro do autor, traz material publicado entre 1978 a 1985 no JC, incluindo notas e a famosa coluna Pano aberto.

Reunindo duas qualidades hoje pouco exercitadas pelo jornalismo diário - humor e (boa) ironia –, o texto de Alvarez é produto de um momento no qual o Estado reunia cerca de 150 grupos teatrais e uma semana comum tinha três, quatro estreias.

A opinião em primeira pessoa – posto que atuava como crítico, não como repórter que cobria uma área artística – nem sempre, é claro, era bem recebida. Vários atores, diretores, produtores e outras figuras das artes cênicas locais deixaram de falar com o jornalista. Dtalhe: quando ele não gostava nem um pouco da montagem, simplesmente não publicava sua opinião. “Era o máximo de cumplicidade que eu poderia estabelecer.”

Lendo seus textos, percebemos que seu olhar era primeiramente dirigido ao trabalho do diretor, a pessoa que orquestra texto, atores, cenários, luz, figurinos.

Ao se afastar do teatro. Enéas dedicou-se à religião, tornando-se arcipreste da Paróquia Sírio-Ortodoxa da Mãe de Deus, em Olinda. "Sempre busquei, na minha inquieta juventude, uma Igreja onde eu pudesse ser eu mesmo, com a certeza de ser um seguidor histórico do cristianismo", explicou Enéas.