É de se registrar que a modernidade remete a figura de um homem sem vínculos e valores em um mundo repleto de sinais confusos e complexos. Isso cria sérias dificuldades em nossa capacidade de amar.
Estamos privilegiando relacionamentos em redes sociais virtuais, que são, na verdade, superficiais e frágeis. Já não nos aprofundamos em nada. Dizer algo em 140 caracteres passou a ser o símbolo da comunicação contemporânea.
Na era da comunicação, gerada pelos celulares e pela internet, reina a incomunicabilidade. O fenômeno da solidão é crescente, embora já vivamos em rede. Não comunicamos o essencial. O fracasso do amor na modernidade é também o fracasso da comunicação. O amor no futuro tem que resgatar valores mais humanos e a convivência entre os homens. Aliás, tenho uma grande simpatia pela alegria e uma desconfiança com essa tal felicidade. Talvez a grande busca seja de harmonia.
No filme A Suprema Felicidade de Arnaldo Jabor o avô confia ao neto que a felicidade não existe e que na vida é possível, no máximo, ser alegre. Ser alegre é gostar de viver mesmo quando a vida nos castiga, no dizer de Contardo Calligaris.
O filme 2046 – Segredos do Amor, do cineasta chinês Wong Kar Wai, retrato da parcialidade do erotismo contemporâneo, tem como principal objetivo mostrar o fim da plenitude, da inteireza, do amor em sua totalidade. Ou melhor, só o parcial existe e é exatamente isso que nos excita. A incompletude seria a única possibilidade humana. Apesar da brilhante visão do cineasta de Hong Kong, ouso dizer que a grande arte nega essa impossibilidade.
O Brasil, pelo seu clima tropical e por uma maior tolerância na convivência entre etnias e religiões, é um paradigma para as relações humanas no novo milênio. Carnaval, futebol, a alegria do brasileiro, criatividade, empreendedorismo, certamente, mostram que esse é o país do presente e do futuro.
Antônio Campos
Advogado e Escritor, Membro da Academia Pernambucana de Letras
camposad@camposadvogados.com.br
Para amar é preciso libertar-se de si mesmo e de suas próprias contingências. Sem essa liberdade profunda, mesmo vivenciando as chamadas "relações de amor" não estaremos alforriados. Andrea Campos.
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