Falta de isolamento acústico levou MPPE a interditar sede em Olinda e agremiação está sem fonte de renda
Faltando menos de dois meses para o carnaval, o Clube Carnavalesco Misto Vassourinhas de Olinda, pela primeira vez nos seus 98 anos de história, pode ficar ´vendo a banda passar` nas tradicionais ladeiras da cidade patrimônio. Sem recursos para isolar acusticamente a sede do clube, item que pesou na recomendação feita pelo Ministério Público de Pernambuco (MPPE), resultando em posterior interdição do local, a orquestra do clube já parou de ensaiar os conhecidos frevos-canção Três da Tarde e Músicas, Mulheres e Flores. Sem local para ´cair no passo`, esse foi o mesmo destino para os seus 100 passistas. A indefinição sobre o futuro do quase centenário Vassourinhas de Olinda também já comprometeu a produção das fantasias do clube para os desfiles de 2011 e a sua festa de aniversário, em fevereiro.
´Mesmo assim, nós pretendemos sair neste ano. Ao menos no domingo de carnaval queremos colocar na rua o grupo de frevo e a orquestra, formada por 36 músicos`, garantiu Erivelto Paes Barreto, diretor do clube. Segundo ele, os desfiles só são possíveis porque as agremiações que alugam a sede do clube para fazer as chamadas ´concentrações`, adiantam os pagamentos. ´Mas por causa dessa indefinição, nós já devolvemos valores de quatro delas. Sem isso é impossível fazer as fantasias`, disse.
Para colocar seus mais de 250 integrantes nas ladeiras são gastos R$ 40 mil por carnaval, ao menos. ´Fazemos cultura sem ganhar dinheiro em troca. Por isso, é triste, doloroso, mas é preciso valorizar a cultura popular`, falou. Hoje, o clube não tem como instalar portas de vidro ou espumas para filtrar os sons altos.
Na casa da costureira Vilma Cármen, 65 anos, 35 deles dedicados à confecção das fantasias do Clube Carnavalesco Misto Vassourinhas de Olinda, plumas, tecidos, brilhos, lantejoulas e brilhos ainda continuam intocáveis em caixas guardadas nos fundos da sua residência, na Rua Severiano Ramalho, perto do Largo do Amparo. ´Fico triste porque é um clube centenário e acontece uma coisa como essa. O Amparo chega está calado. Não faz sentido deste jeito, mas acredito que isso é apenas uma tempestade que vai passar`, revelou. É em um salão, nos fundos da sua casa, que Vilma Cármen, desde 1976, dá vida a fitas e tecidos, criando fantasias. ´A parte do bordado é a mais complicada. Hoje, nós usamos vários itens`, falou. Atualmente, além dela, oito costureiras, em oito máquinas, fazem os artigos apreciados na festa.
Ajustes
A direção do clube alega que desde maio de 2010 já vinha tomando várias medidas para minimizar os impactos do som alto. ´As festas que aconteciam todos os sábados passaram a ser feitas em fins de semana alternados`, comentou Erivelto Barreto. Segundo ele, a poluição sonora também é provocada por emissões produzidas por veículos parados no entorno da sede, já que a área é também ponto de encontro de jovens. ´Além disso, nós já estamos com o Alvará de Funcionamento.
Entrevista - André Felipe Menezes // ´Bastou uma única inspeção ‘
O que foi determinante para que houvesse essa recomendação do MPPE?
A interdição administrativa do Clube Carnavalesco Vassourinhas de Olinda, feita pela Secretaria de Transportes, Controle Urbano e Ambiental da cidade, atendeu a denúncias feitas por vários moradores de Olinda, com relação à poluição sonora do espaço, o que configura funcionamento irregular. Bastou apenas uma inspeção no local para constatar que algumas regras não estavam sendo cumpridas. As provas testemunhais colhidas foram essenciais para essa decisão.
O clube estava funcionando irregularmente?
Não existiam alguns documentos como a Licença de Localização e Funcionamento, conhecido popularmente como alvará de funcionamento, além do Alvará de Utilização Sonora. Os dois são fornecidos pelo próprio município. Por causa de alguns documentos, o clube não estava regular junto à prefeitura da cidade. Esse é outro motivo que justifica a recomendação.
Quanto tempo deve durar essa interdição?
Ela é temporária. A suspensão dessa decisão vai depender de quando a instituição fará o seu tratamento acústico. Quando se adequar, vamos rever.
Fonte: Diario de Pernambuco
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