quinta-feira, 4 de outubro de 2012

Empresas privadas são principais madrinhas das campanhas milionárias na capital pernambucana


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Corrida milionária pelo Executivo Municipal ultrapassa os R$ 8 milhões em gastos de campanha e empresas lideram o percentual de doações
Ilustração: Keziah Costa/Jefte Amorim/NE10

Jéfte Amorim Do NE10 Na reta final da disputa eleitoral no Recife, a briga por votos entre os candidatos à Prefeitura da cidade tem intensificado. Mas, além de farpas, outro fator deixará sua marca no longo trajeto de emoções desta campanha: os orçamentos. Com a Resolução Nº 23.376/2012, todos os candidatos passaram a ter que publicar os balanços financeiros. E no primeiro ano de obrigatoriedade, as cifras declaradas dos prefeituráveis já ultrapassam os R$ 8 milhões.
Boa parte das verbas das campanhas vem dos diretórios estaduais e nacionais dos partidos, que são alimentados também pelo Fundo Partidário, e, no caso dos quatro mais bem colocados nas pesquisas, de empresas privadas. Pessoas físicas e militantes também figuram nas contas disponibilizadas no Sistema de Prestação de Contas Eleitorais (SPCE), mas são minoria.

MAIOR PERCENTUAL Investimentos de empresas chegam perto dos 50% do orçamento petista
No caso de Humberto Costa (PT), o incentivo empresarial chega a quase 50% do R$ 1,135 milhão descrito no SPCE. A construtora OAS, responsável pelo maior valor, doou, em um depósito, R$ 500 mil para os petistas. Na sequência, figuram envios do diretório nacional dos trabalhistas, no valor de R$ 475 mil, do comitê municipal, R$ 60 mil, e de duas pessoas físicas de nome Valdemar Fernandes da Costa e Diogo Reina Pereira, somando R$ 50 mil cada.

DESENCONTRO Tucano que adota postura de ambientalista tem apoio financeiro de distribuidoras de combustíveis fósseis
Daniel Coelho (PSDB) apresenta um fator curioso. R$ 100 mil, do total de R$ 1,035 milhão, vieram do próprio bolso do candidato (a mesma quantia doada pela cúpula nacional do partido). Os demais valores enviados ao candidato que aposta no discurso ambiental têm origem em doações de duas empresas ligadas ao comércio de combustíveis fósseis, M S Petróleo Ltda. e Petro Cabo Ltda., e do diretório estadual, responsável pelo investimento de R$ 700 mil.

PARTIDÁRIO O democrata recebeu o segundo maior valor total vindo de uma sigla
Mendonça Filho (DEM), que preside o diretório estadual da sigla, tem três doações da direção municipal, somando R$ 150 mil, e sete da cúpula nacional do Democratas, totalizando R$ 1,32 milhão. Os demais investimentos vêm do setor privado, com R$ 150 das Indústrias Reunidas Raymundo da Fonte S/A (dona de marcas como Brilux e Minhoto), R$ 100 mil da Acumuladores Moura S/A e R$ 20 mil da Asa Indústria e Comércio Ltda. A reunião dessas quantias chega a R$ 1,74 milhão.

CONTAS GORDAS Geraldo contabilizou mais receitas do que a soma dos orçamentos adversários
Geraldo Júlio (PSB) é o líder de arrecadação. Os valores destinados à campanha socialista atingem cerca R$ 4,36 milhões. Desse montante, R$ 3 milhões vêm da direção nacional da legenda, presidida pelo governador do Estado e padrinho do candidato, Eduardo Campos. Além desse valor, e de R$ 25 mil de origem não informada no balanço, as demais cifras representam doações de pessoas físicas e empresas.
Os portadores de CPF que figuram na lista de Geraldo são Antonio Carlos Ferreira Vieira da Cunha, Artur Luiz da Silva Duarte e Karin Jackel Menelau, sócios da Serquip (empresa que presta serviços de coleta de resíduos especiais para alguns estados brasileiros, inclusive a Paraíba, governada pelo PSB) que somam R$ 99,75 mil em doações, Geraldo Miranda Cavalcante (ex-dirigente da CPRH), responsável por R$ 6,75 mil, e Roberto Luna Menelau (ex-gestor da Emlurb), com R$ 13,5 mil.
Já as empresas que apoiam a candidatura do PSB são Alliance Negócios Imobiliários Ltda. (R$ 23,5 mil), Construtora OAS Ltda. (R$ 250 mil), ES Atacado Ltda. (R$ 200 mil), Indústria de Alimentos Bomgosto Ltda. - responsável pelos produtos Vitarella (R$ 550 mil), TGI Editora Ltda. (R$ 1,5 mil), Tintas Iquine Ltda. (R$ 12.932,25), Total Distribuidora Ltda. (R$ 150 mil) e duas empresas do grupo Gabriel Bacelar (somando R$ 25 mil).

Os candidatos com menos expressividade nas pesquisas eleitorais é que fogem aos milhões. Quase sempre com recursos exclusivamente dos partidos e de militantes, as receitas de campanha tendem a ser mais modestas. Apesar de nenhum deles ter balanços publicados no SPCE, as receitas estaduais do PCB são um exemplo dessa realidade. Entre os investidores comunistas declarados, constam apenas valores remetidos por Numeriano (candidato pela legenda) e outras pessoas ligadas à legenda, inclusive presidente estadual do PCB e candidato a vice de Numeriano em 2008, Aníbal de Oliveira Valença.
Por essa razão, segundo Eli Ferreira, alguns defendem o financiamento público das campanhas. "Assim, teoricamente, os candidatos com menos chances de vencer teriam condições mais igualitárias de disputar um pleito. Hoje o dinheiro fala alto porque praticamente ninguém doa para um candidato sem grandes chances nas pesquisas", destaca o cientista político.
E as questões orçamentárias não findam por aí. Apesar de a prestação de contas e o envio ao SPCE serem obrigatórios, nem sempre os números revelam todos os fatos. Para não ligar diretamente o nome aos candidatos, muitas empresas optam por um caminho legal para ocultar a doação: o envio da verba para o partido para que este efetue o depósito na conta do candidato.
Assim, não há como traçar um caminho da doação desde a pessoa jurídica empresarial até o político que busca o cargo público. Sem citar as possíveis fraudes, como enfatiza Eli: "infelizmente o que é apresentado nos balanços, geralmente, é muito inferior ao que é realmente gato e não declarado". Confira, abaixo, as receitas dos partidos que têm candidatos disputando a Prefeitura e disponibilizaram as contas dos diretórios estaduais no SPCE:
fonte:jconline

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