Funcionários do Itaú Unibanco recebem nesta sexta-feira (24) a participação nos lucros de 2,2 salários e outros benefícios referentes a 2011, quando a instituição bancária registrou ganhos recordes. Valores foram conquistados após a greve de 21 dias realizada no ano passado. Setor da construção civil, em especial nas grandes obras, também apurou vitórias com mobilizações. Entre janeiro e setembro de 2011, ocorreram 300 greves no país, diz Dieese.
São Paulo – Nesta sexta-feira (24), os funcionários do Itaú Unibanco recebem sua participação nos lucros e resultados (PLR) referente a 2011, quando a instituição registrou o maior lucro da história do sistema financeiro nacional, de R$ 14,6 bilhões.
Cada trabalhador terá a mais em seu contracheque o correspondente a 2,2 salários, com montante total limitado a R$ 17,2 mil, além de um adicional de R$ 2,8 mil. Os valores foram conquistados após a greve nacional de 21 dias que a categoria realizou entre setembro e outubro do ano passado.
Para o Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Sócio-econômicos (Dieese), que presta assessoria técnica ao movimento sindical, as conquistas dos bancários estão intimamente ligadas às paralisações dos trabalhadores. Em 2011, os bancários obtiveram aumento real de salário pelo oitavo ano seguido. Em todos esses anos houve greves.
“Essas mobilizações decorreram da intransigência patronal, da distância que havia entre o que pediram os trabalhadores e o que ofereceu o setor financeiro”, explica à Carta Maior o coordenador de relações sindicais do Dieese, José Silvestre Prado de Oliveira.
A entidade realiza anualmente uma pesquisa sobre o número e o tipo das greves no Brasil. Entre janeiro e setembro de 2011, ocorreram cerca de 300 paralisações – 55% delas no setor privado e 45% no público. Os dados completos do ano passado devem ser divulgados até maio deste ano.
Construção civil
De acordo com Oliveira, além da greve nacional dos bancários, outro setor marcado por paralisações em 2011 foi o da construção civil. “De modo geral, as mobilizações em usinas hidrelétricas, como Jirau, refinarias da Petrobras, obras do Minha Casa, Minha Vida, no porto de Suape e em algumas arenas da Copa do Mundo foram positivas para melhorar as condições de trabalho”, afirma ele.
No caso de Jirau, às margens do rio Madeira, em Rondônia, além de aumento da remuneração, os trabalhadores lutavam por alojamentos mais decentes. A greve durou quase 30 dias, entre março e abril, e serviu de inspiração para outras paralisações pelo país. Segundo Oliveira, foi um movimento peculiar, porque surgiu espontaneamente entre os trabalhadores e só depois foi coordenado por sindicatos.
Após os protestos, o governo federal, junto a empresários do setor e representações sindicais, criou a Mesa Nacional da Construção Civil, com o objetivo de instituir padrões mínimos de condições de trabalho nas obras.
O acordo, que não tem força de lei, prioriza o recrutamento de trabalhadores na região do entorno dos projetos, estabelece planos de qualificação profissional e detalha diretrizes para saúde e segurança, representação sindical no local de trabalho e relações com a comunidade. A versão final do acordo está quase pronta e deve ser lançada até o início de março.
Entre outras grandes mobilizações de 2011, Oliveira destaca o magistério público e sua luta pelo pagamento do piso da categoria. “Em Minas Gerais, os trabalhadores da educação chegaram a ficar 104 dias em greve”, lembra o coordenador do Dieese.
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