segunda-feira, 6 de fevereiro de 2012

Vendas de imóveis caem 38,5%

A queda nas vendas foi provocada pela falta de oferta


As vendas de imóveis novos caíram 38,8% no ano passado em comparação com o ano anterior. O resultado foi divulgado pela pesquisa do Índice de Velocidade de Vendas medido pela Federação das Indústrias de Pernambuco (Fiepe). À primeira impressão, quem está procurando um imóvel pode pensar que a queda nas vendas foi provocada pelo aumento substancial do preço dos apartamentos, salas comerciais e casas. A ideia que se tem é que o valor subiu tanto que as pessoas não estão mais podendo pagar.

Ledo engano. De acordo com os especialistas no mercado imobiliário, muita gente ainda tem dinheiro para comprar o imóvel dos sonhos. A queda nas vendas foi provocada pela falta de oferta.

A opinião deles tem sentido já que, de acordo com o IVV, as ofertas de novos imóveis caíram 39,3% na comparação entre 2011 e 2010. A queda se deve à dificuldade de se conseguir os documentos necessários para a venda do empreendimento, sobretudo o Memorial de Incorporação que chega a demorar anos para sair. Outro motivo da diminuição da oferta é o preço alto dos terrenos que impede a construção de mais prédios.

“As vendas caíram porque não tem imóvel na praça do jeito que a maioria dos consumidores quer comprar. Os clientes ainda têm renda o suficiente para bancar os aumentos ocorridos”, explica o corretor Paulo Miranda. Ele dá um exemplo da velocidade de vendas do mercado.

“Uma construtora de renome lançou um empreendimento com 500 apartamentos em Boa Viagem. Na primeira semana, 1.900 cheques de clientes diferentes interessados em uma das unidades foram dados para a empresa. A construtora se deu ao luxo de escolher o tipo de consumidor que ela queria para comprar os imóveis. Preferiu os clientes antigos e aqueles com maior renda”, relata Miranda.

O presidente do Conselho da Associação das Empresas do Mercado Imobiliário Pernambuco (Ademi), Marcello Gomes, concorda com Miranda e diz que a renda do consumidor suporta os aumentos do passado, mas acha que essa capacidade de pagamento, mesmo com o financiamento bancário, já chegou ao seu limite.

“Não vejo espaço para novos aumentos porque vai chegar a um ponto em que o consumidor não poderá mais pagar. Hoje ele ainda pode, mas novas elevações não caberão no bolso da população porque as pessoas têm outras despesas que são reajustadas como a feira do supermercado e a mensalidade escolar do filho”, comenta Gomes.
A demanda por imóveis continua tão alta que as imobiliárias já estão fazendo reservas para empreendimentos que serão lançados só daqui a alguns meses. “Tenho lista de espera para prédios que só começarão a ser vendidos em março e abril”, afirma o corretor Eduardo Feitosa.

Segundo dados do IVV, o estoque de imóveis novos ficou em 3.012 em 2011. O número é o menor desde 2000. Mas se a demanda está tão alta, porque ainda sobra imóvel no estoque? De acordo com os especialistas, os imóveis da lista de estoque são aqueles com uma procura mais baixa como os apartamentos de 4 quartos ou os que as construtoras deixam em seu poder para vender somente quando o prédio estiver pronto e ganhar mais dinheiro com a especulação imobiliária.

“O estoque também é formado pelas unidades que sobram de grandes lançamentos como empreendimentos que possuem mais de 500 unidades”, completa Feitosa.


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