quarta-feira, 29 de fevereiro de 2012

História de mãe e filha reescrita após 3 décadas História de mãe e filha reescrita após 3 décadas

Criada pelo pai desde 1º mês de vida, jovem recifense viveu grande emoção em encontro marcado pela internet

Foto: Flora Pimentel/JC Imagem

A auxiliar de serviços gerais Luciana Severina de Barros, 30 anos, começou a redescobrir a noção de família na tarde de quarta-feira (29), quando abraçou sua mãe pela primeira vez, no Aeroporto Internacional do Recife.

As duas foram separadas quando Luciana tinha um mês de idade e a menina só descobriu que não era filha da mulher que a tinha criado aos 15 anos, quando a professora questionou por que os sobrenomes de mãe e filha eram diferentes. Cheia de medo, Luciana correu para casa, na Bomba do Hemetério, Zona Norte do Recife, para saber uma das versões de sua própria história. Sua mãe, Madalena Severina da Conceição, na época com 15 anos, teria abandonado a filha.

A partir daí, Luciana viveu anos de inquietação. Tentou como pôde achar a mãe pela internet. Há nove meses, deixou uma mensagem em um site de perguntas e respostas, pedindo ajuda para encontrá-la.No dia 21 de janeiro, recebeu uma mensagem pelo Facebook de um rapaz desconhecido.

“Perguntava se era eu que estava procurando Madalena Severina. Respondi com medo de ser alguma brincadeira, mas ele disse que era meu irmão por parte de mãe”, conta Luciana. Ela descobriu, também, que Madalena mora na França, com seu terceiro marido, e que viria ao Brasil em fevereiro.

Quarta Madalena teve a oportunidade de contar sua versão. Disse que conheceu o pai de Luciana, morto há dois anos, quando tinha 14 anos, em uma discoteca no Alto José do Pinho, Zona Norte.

“Ele não disse que era casado e ficamos juntos durante a noite. Depois de uns meses, percebi as mudanças no meu corpo e avisei a ele que estava grávida. Primeiro, ele disse que era para eu tirar, mas eu não concordei. Então, ele deixou que, durante a gravidez, eu ficasse em um quartinho que ele tinha”, conta Madalena.

Luciana nasceu de parto normal, em maio de 1981, na Maternidade Barros Lima, no Vasco da Gama, Zona Norte. Seu pai foi visitá-la com a esposa e, segundo Madalena, levou o bebê para casa. Mãe e filha nunca mais se viram.

Depois de aproximadamente oito 8 anos vividos no Recife, após o nascimento da filha, Madalena se mudou para Santa Catarina, no Sul do País. Tinha perdido todos os vínculos com Luciana e não sabia sequer o nome escolhido para a bebê.

Viveu na França os últimos 12 anos, depois de ter conhecido o atual marido, francês, ainda no Brasil. Segundo ela, nos últimos meses de 2011 começou a sentir vontade de voltar ao País para visitar os filhos. Foi a São Paulo, onde encontrou um dos rapazes com um celular na mão, com Luciana do outro lado da linha. Comprou uma passagem para o Recife.

Chegou quarta às 16h30 e já foi embora, às 2h desta quinta (1º), porque o marido tem uma cirurgia marcada na França e pediu seu apoio. “A viagem ao Recife foi de última hora, mas marca o reinício de minha vida com minha filha. Vai ser tudo muito diferente”, diz Madalena.

Abraçaram-se com tanta urgência que mal conseguiram falar durante os primeiros momentos do encontro. “Imagine você conhecer sua mãe aos 30 anos!”. O que Luciana quer agora é juntar todo mundo num abraço só. Ganhou uma mãe, três irmãos, uma sobrinha (que ainda está na barriga da nova cunhada) e uma tia para juntar à família, que antes se resumia ao marido.

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