Fernando Castilho, do JC Negócios
Em 26 cidades brasileiras o cidadão/eleitor/contribuinte organizou nesta quarta-feira um pacote de manifestações contra a corrupção. Sem o odor ruim de proto-políticos partidários, as manifestações ainda soam desorganizadas sobre o foco e ainda não parece claro o objetivo de tanta indignação.
E ele está irritado, abusado, indignado e cada vez mais intolerante com os nossos representantes formais, pelo que eles passaram a representar. No nosso inconsciente coleivo está clarificada a ideia de que todo ele é safado, prestes a tungar os cofres públicos e emprenhar uma emenda no orçamento publico cujo foco é assegurar algum beneficio próprio nas próximas eleições. E de certa forma, o cidadão/contribuinte tem razão mesmo. Afinal, o que eles fizeram para melhorar isso?
O que é preciso atentar para esse pacote de manifestações é que desta vez elas estão sendo feitas pelo cidadão digital. Estão fora os partidos políticos e as entidades estudantis, hoje cooptadas pelo governo e os sindicatos.
Estão fora e ficarão porque estão a terabytes de distância das mídias sociais porque, simplesmente, não perceberam que o país mudou. Importa pouco que tenha páginas na Web, sites e até estejam com seus nomes no Facebook, no Twitter ou no Orkut com links RSS. Estão sujos no inconsciente coletivo e, portanto, neste momento fora do jogo e das ruas. Isso não quer dizer que não possam entrar, mas neste momento quem está nas ruas enxerga-os com nojo e quer distância deles. Não convém forçar porque não serão aceitos.
Mas, o que deseja esse cidadão? Por que ele se dispõe, nos feriados nacionais, a ir às ruas, pintar o rosto, levar as crianças e ensiná-las lições básicas de cidadania, e esbravejar contra a corrupção? Por que ele se indigna e quer vê-los na cadeia? Por que ele explode de raiva e quer dizer nas ruas que quer mais ação e prisão?
Ainda não dá para compreender bem. Não podemos cair na simplicidade de que nas ruas poderemos derrubar o governo, fechar o Congresso e prender juízes corruptos. Não somos uma ditadura árabe, podre que com um pontapé digital vai ao chão. O Brasil, embora a gente já nem se lembre, é uma Democracia que vem ao longo dos anos se fazendo estrada. Certo, temos um baixíssimo nível de políticos, não estamos, sequer, conseguindo estimular jovens para que, com essa percepção histórica entrem na política para serem dirigentes de um Brasil que está ficando rico, embora ainda profundamente desigual.
Por enquanto, as nossas melhores jovens cabeças estão querendo mesmo é entrar no Ministério Público para pegar esses proto-políticos que estão governando o País. Ou na magistratura com o mesmo fim. Os outros estão cuidando das empresas e se indignando ao ter que se submeter à extorsão de gestores corruptos sem ter que prestar serviços ao governo que seus pais são obrigados a aceitar. Mas, eles estão dizendo que querem distância disso porque pega mal dentro de seu circulo empresarial. Mas, alguém vai ter que assumir o poder e talvez essas manifestações ajudem a descobrir vocações. Pesqusias recentes indciam que eles estão ligados e já se animam a protestar nas redes sociais. É um bom começo.
Então, o que esperar das manifestações. Apenas uma festa da Democracia? Um recado aos dirigentes de que estamos de olho? Que não vamos aceitar que isso continue e que é preciso parar? Não. Ainda será preciso organizar o pânico. Ainda teremos que passar pelo estágio de canalizar esse feixe de raios lazeres para um foco prático que ainda não está bem definido e que em algum momento será o catalizador.
Por enquanto, eles falam de exclusão de candidatos ficha suja, de processos mais rápidos e leis mais duras para a corrupção. E de prisão para gestores ladrões. Mas, esse é um caminho que se faz caminhando.
Portanto, curtamos a festa e a alegria das ruas, dos cartazes individuais e as faixas pintadas nas nossas calçadas e das musicas tocadas por bandas e músicos voluntários. O nosso grande momento de começar a mudar isso vai ser daqui menos de um ano. E devemos ter presente que não faremos a assepsia de uma só vez.
A grande vantagem é que desta vez conseguimos voltar às ruas e fomos convocados pelas internet. Estamos conseguindo levar gente jovem para protestar com um clique no computador, uma mensagem no celular ou postando no nosso perfil. Com um pouco mais de tempo, vamos achar o caminho. Afinal, desde que o país foi às ruas para derrubar Fernando Collor que não víamos jovens pintar o rosto e protestar contra o Governo. Se olharmos bem, são aqueles jovens que hoje estão levando seus filhos às ruas.
O Governo, é verdade, ainda não é o foco. O Judiciário, como instituição, também não é o foco. E mesmo o Legislativo com sua mediocridade e suas práticas do passado é só um símbolo geral. Mas, está claro que a sintonia fina dessa indignação social é só uma questão de tempo. Portanto, senhores do poder, olhem para as ruas. Porque em algum momento os cidadãos vão pegá-los.
quinta-feira, 13 de outubro de 2011
falta organizar a indignação
Ainda falta organizar a indignação
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