sexta-feira, 31 de agosto de 2012

Haddad recupera petistas ‘dispersos’; Serra perde favoritismo


 por José Roberto de Toledo

Os primeiros dez dias de horário eleitoral em São Paulo serviram para Fernando Haddad (PT) capturar eleitores simpatizantes do PT que estavam dispersos entre outros candidatos a prefeito. O único que não perdeu seus petistas foi Celso Russomanno (PRB). Já a queda de José Serra (PSDB) não foi apenas na intenção de voto. Ele perdeu também a condição de favorito dos eleitores.
Haddad pulou de 23% para 40% entre os eleitores que se declaram simpatizantes do PT e ultrapassou Russomanno nesse segmento. O candidato do PRB permaneceu com 30% de intenção de voto entre os petistas. José Serra (PSDB) e Paulinho da Força (PDT) estão entre os que mais perderam petistas. Também caiu a taxa dos que diziam que votariam em branco e nulo. Tudo graças às aparições de Haddad ao lado de Lula nos programas de TV.
Na simulação de segundo turno com Russomanno, Serra perdeu oito e o candidato do PRB ganhou nove pontos. Foi uma transfusão direta de eleitores do tucano, porque a taxa de brancos e nulos ficou estável. Se os dois disputassem o turno final hoje, Russomanno ganharia por 51% a 27% e ficaria com a maioria dos eleitores de todos os outros candidatos.

Serra também perdeu o favoritismo do eleitorado. Hoje, 33% acham que Russomanno será o próximo prefeito, contra apenas 29% que apostam em Serra. Há duas semanas, 46% faziam suas apostas no tucano. O petista Haddad tem o favoritismo de 13% do eleitorado.

A queda de Serra é um sinal de que parte do eleitorado antipetista começou a calcular quem tem mais chances de derrotar Haddad. Ao comparar a tendência da intenção de voto de Serra e Russomanno, e a rejeição de um e outro, pragmaticamente pulou do tucano para o candidato do PRB.

A campanha de Serra cometeu um erro estratégico tão fundamental que pôs em risco as chances do tucano. Ao selar um pacto de não-agressão com Russomanno, abriu caminho para o candidato do PRB crescer no eleitorado antipetista. Confundiu o efeito memória com voto consolidado no tucano. Mas como a campanha de 2010 já mostrara, “recall” não é intenção de voto. E Serra desidratou, espremido entre Haddad e Russomanno.

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