quinta-feira, 8 de março de 2012

0 português Carlos Mendes de Sousa lança livro no Rio de Janeiro

Livro-referência sobre Clarice Lispector ganha nova edição

Obra do português Carlos Mendes de Sousa será lançada no Instituto Moreira Salles

 Especialista português Carlos Mendes de Souza lança no Brasil o livro ‘Clarice Lispector - Figuras da Escrita’ Foto: Guito Moreto / Agência O Globo

Especialista português Carlos Mendes de Souza lança no Brasil o livro ‘Clarice Lispector - Figuras da Escrita’ Guito Moreto / Agência O Globo

RIO - Desde que foi publicada com apenas 500 exemplares em 2000, pela Universidade do Minho, a tese de doutorado "Clarice Lispector — Figuras da escrita", do português Carlos Mendes de Sousa, tem funcionado como referência para todos os estudiosos na obra da escritora brasileira. Hoje, enfim, o livro ganha uma tiragem três vezes maior, em edição do Instituto Moreira Salles lançada em sua sede, às 20h30m.

Sousa, de 52 anos, pensou em fazer alterações para a nova edição, mas desistiu da empreitada.

— Há muita coisa importante que se escreveu depois, eu poderia colocar notas, mas o texto tem uma estrutura coesa, os capítulos não seguem aleatoriamente — explica ele, que também rejeitou propostas anteriores de redução do livro (632 páginas, a R$ 75).

O estudo segue a cronologia dos livros de Clarice, da estreia com "Perto do coração selvagem" (1943) à ultima obra publicada em vida, "A hora da estrela" (1977). Mas não os analisa como produtos independentes, e sim em busca de um amplo quadro sobre uma escritora tão peculiar, ressaltando as passagens de sua vida pessoal.

— Quando comecei a estudar literatura, havia a marca forte do estruturalismo. Só interessava o texto, como se o autor não existisse — lamenta Sousa, que descobriu Clarice em 1979.

Ele estava buscando bibliografia para um trabalho sobre "Banguê", de José Lins do Rego. Deparou-se com um nome diferente, Lispector, e um título estranho, "A maçã no escuro". Cativado no primeiro contato, enfronhou-se nos escritos de e sobre Clarice até em 1992 iniciar o doutorado. De sua tese, salta logo o conceito de "não lugar", ou seja, o lugar único que a mulher nascida na Ucrânia e de família que falava ídiche ocupou na literatura brasileira, distante das correntes regionalistas.

— Muitos tentaram aproximá-la de romances psicologistas como os de Cornélio Penna e Lúcio Cardoso, mas estes ainda têm ancoragem em lugares. Já Clarice vai construir sua literatura fora disso — destaca ele, que tem notas para mais dois estudos relacionados à escritora.


fonte:oglobo

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