Líder dos protestos em Aysén, no sul do país, Iván Fuentes ganhou uma importante batalha no Chile: aquela onde os representantes da sociedade civil vencem os poderosos membros da classe política, ganhando a confiança dos chilenos sem grandes discursos acadêmicos. Os moradores de Aysén dobraram o governo e conseguiram acordos devido à melhor pressão social, a franqueza e a autenticidade frente a problemas concretos. O artigo é de Christian Palma.
Santiago - Iván Fuentes é um homem de baixa estatura, com maçãs do rosto vermelhas que revelam uma personalidade acalorada e emocional. Um sujeito de convicções. Esse carisma é o que lhe permitiu ganhar uma importante batalha no Chile de hoje: aquela onde os representantes da sociedade civil vencem os poderosos membros da classe política, ganhando a confiança dos chilenos sem grandes discursos acadêmicos nem enrolar na linguagem como os políticos gostam, sobretudo os que abundam no governo de direita de Sebastián Piñera. Ele, junto a Camila Vallejo, se converteram nas caras visíveis do descontentamento no Chile. Uma, com a força e a beleza da juventude liderando o movimento estudantil, o outro com o rosto marcado pelos anos e as carências, comandado pelos ilhados habitantes de Aysén que lutam por seus direitos como chilenos.
Antes de se reunir com o vice-presidente do Chile, Rodrigo Hinzpeter, pois o Presidente Sebastião Piñera saiu em viagem internacional por duas semanas, justamente durante um recrudescimento dos protestos em Aysén, no sul do país, Fuentes ofereceu uma emotiva entrevista coletiva relatando as penúrias em que vivem os habitantes da Patagônia.
Este cru relato é o que reflete a realidade das coisas no Chile, onde a razão não tem espaço para explicar com grandes trejeitos o drama social gerado pelo modelo neoliberal e o excesso de concentração da riqueza em Santiago. Aqueles que sofrem isto apelam para sua tragédia imediata, a dureza das condições que afligem o povo. E isso representa o dirigente Iván Fuentes, pescador artesanal nas frias águas do sul.
Seu discurso não é preparado nem escrito por assessores como o dos atuais políticos, mas reflete proximidade e identidade com sua franca simplicidade. É como disse o filósofo italiano Antonio Gramsci, “o sentido comum que se impõe com as condições sociais concretas das pessoas”. Por isso, o Movimento Social de Aysén dobrou o governo e conseguiram acordos devido à melhor pressão social, a franqueza e a autenticidade frente a problemas concretos.
O apoio às demandas cidadãs no Chile se fortaleceu através das redes sociais do Facebook e do Twitter, demonstrando que um considerável setor da sociedade se afasta do consumismo e das banalidades que apregoam os Meios de Comunicação tradicionais que se encontram em mãos dos grandes grupos econômicos.
De acordo com Carlos Correa, gerente de Assuntos Públicos da influente Consultora Imaginação, Iván Fuentes despertou uma nova fascinação por seu carisma, continuando com a influência que deixou no ano passado Camila Vallejo e outros dirigentes do movimento estudantil. Isso revela que os chilenos estão cansados dos acordos na caldada da noite e consensos entre a classe política tradicional, aquela que se apegou ao capitalismo para reformá-lo só de forma cosmética.
As pessoas no Chile agora exigem mudanças de fundo no modelo econômico, político e social, e dão-se conta de que são os representantes da sociedade civil os que melhor processam as demandas cotidianas das pessoas, sem ideologias pré-modeladas nem dogmáticas.
Lamentavelmente, Iván Fuentes teve que chegar ao Palácio de La Moneda para reunir-se com as máximas autoridades do Estado, viajando mais de 2.000 km de distância, para selar um acordo que procura melhorar a qualidade de vida da zona austral de Chile, diminuindo os custos do combustível e dos alimentos.
Mas a lição que os chilenos aprenderam é que as demandas das pessoas comuns e correntes se consegue com palavras simples, mostrando a realidade sem adjetivos nem cálculos politiqueiros. Além disso, Fuentes representa a tenacidade de lutar, sem baixar os braços, como o fizeram os manifestantes de Aysén nestes últimos dias.
“Esta vez Fuentes, diferente de Camila Vallejo e outros líderes estudantis, não caiu na armadilha do La Moneda de permitir a radicalização de seu movimento para assim conseguir a perda do apoio popular. Também foram sábios os manifestantes de Aysén em manter sua unidade em apoio a Fuentes e seu grupo. “Sua maneira simples de explicar a injustiça na distribuição da riqueza fez sentido para muita gente”, afirma Correa.
Para o Professor da Universidade Adolfo Ibáñez “desde Camila Vallejo até Iván Fuentes, a nova cidadania deposita suas esperanças em personagens capazes de identificar melhor o representante com seu representado. A figura do ministro ou do parlamentar tradicional é interpretada - quase sem exceção - como a peça de um establishment alheio”.
Se algo há que se possa destacar no Governo de direita com seu aprofundamento do modelo neoliberal, é que o povo chileno está despertando com maior força frente às injustiças do estado de coisas imposto pela ditadura de Pinochet. Agora, a sociedade civil se cansou dos políticos tradicionais de centro-esquerda, e está depositando sua esperança nos dirigentes comuns e correntes, como Vallejo e Fuentes, cujo desafio é não cair presos na lógica da sociedade civil.
Antes de se reunir com o vice-presidente do Chile, Rodrigo Hinzpeter, pois o Presidente Sebastião Piñera saiu em viagem internacional por duas semanas, justamente durante um recrudescimento dos protestos em Aysén, no sul do país, Fuentes ofereceu uma emotiva entrevista coletiva relatando as penúrias em que vivem os habitantes da Patagônia.
Este cru relato é o que reflete a realidade das coisas no Chile, onde a razão não tem espaço para explicar com grandes trejeitos o drama social gerado pelo modelo neoliberal e o excesso de concentração da riqueza em Santiago. Aqueles que sofrem isto apelam para sua tragédia imediata, a dureza das condições que afligem o povo. E isso representa o dirigente Iván Fuentes, pescador artesanal nas frias águas do sul.
Seu discurso não é preparado nem escrito por assessores como o dos atuais políticos, mas reflete proximidade e identidade com sua franca simplicidade. É como disse o filósofo italiano Antonio Gramsci, “o sentido comum que se impõe com as condições sociais concretas das pessoas”. Por isso, o Movimento Social de Aysén dobrou o governo e conseguiram acordos devido à melhor pressão social, a franqueza e a autenticidade frente a problemas concretos.
O apoio às demandas cidadãs no Chile se fortaleceu através das redes sociais do Facebook e do Twitter, demonstrando que um considerável setor da sociedade se afasta do consumismo e das banalidades que apregoam os Meios de Comunicação tradicionais que se encontram em mãos dos grandes grupos econômicos.
De acordo com Carlos Correa, gerente de Assuntos Públicos da influente Consultora Imaginação, Iván Fuentes despertou uma nova fascinação por seu carisma, continuando com a influência que deixou no ano passado Camila Vallejo e outros dirigentes do movimento estudantil. Isso revela que os chilenos estão cansados dos acordos na caldada da noite e consensos entre a classe política tradicional, aquela que se apegou ao capitalismo para reformá-lo só de forma cosmética.
As pessoas no Chile agora exigem mudanças de fundo no modelo econômico, político e social, e dão-se conta de que são os representantes da sociedade civil os que melhor processam as demandas cotidianas das pessoas, sem ideologias pré-modeladas nem dogmáticas.
Lamentavelmente, Iván Fuentes teve que chegar ao Palácio de La Moneda para reunir-se com as máximas autoridades do Estado, viajando mais de 2.000 km de distância, para selar um acordo que procura melhorar a qualidade de vida da zona austral de Chile, diminuindo os custos do combustível e dos alimentos.
Mas a lição que os chilenos aprenderam é que as demandas das pessoas comuns e correntes se consegue com palavras simples, mostrando a realidade sem adjetivos nem cálculos politiqueiros. Além disso, Fuentes representa a tenacidade de lutar, sem baixar os braços, como o fizeram os manifestantes de Aysén nestes últimos dias.
“Esta vez Fuentes, diferente de Camila Vallejo e outros líderes estudantis, não caiu na armadilha do La Moneda de permitir a radicalização de seu movimento para assim conseguir a perda do apoio popular. Também foram sábios os manifestantes de Aysén em manter sua unidade em apoio a Fuentes e seu grupo. “Sua maneira simples de explicar a injustiça na distribuição da riqueza fez sentido para muita gente”, afirma Correa.
Para o Professor da Universidade Adolfo Ibáñez “desde Camila Vallejo até Iván Fuentes, a nova cidadania deposita suas esperanças em personagens capazes de identificar melhor o representante com seu representado. A figura do ministro ou do parlamentar tradicional é interpretada - quase sem exceção - como a peça de um establishment alheio”.
Se algo há que se possa destacar no Governo de direita com seu aprofundamento do modelo neoliberal, é que o povo chileno está despertando com maior força frente às injustiças do estado de coisas imposto pela ditadura de Pinochet. Agora, a sociedade civil se cansou dos políticos tradicionais de centro-esquerda, e está depositando sua esperança nos dirigentes comuns e correntes, como Vallejo e Fuentes, cujo desafio é não cair presos na lógica da sociedade civil.
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