Estudantes de enfermagem formam grupo que amplia conceito de tratamento e torna contato com o doente muito mais humano
Mais do que aplicar um tratamento e monitorar as condições do paciente. Acolher, ouvir, enxergar a pessoa como um ser completo, distraí-la, dar afeto e ajudar na sua educação. Um projeto de responsabilidade social iniciado no Ceará está ajudando agora, em Pernambuco, graduandos de enfermagem a se formarem com essa perspectiva mais ampla.
Denominado Anjos da Enfermagem, a iniciativa está formando a quarta turma no Recife, com apoio dos Conselhos Federal e Regional de Enfermagem e parceria com a Universidade Salgado de Oliveira (Universo). A ideia nasceu em 2003, de uma estudante de enfermagem do Cariri, Sul do Ceará, que se inspirou na vivência de Hunter (Patch) Adams, médico americano que aposta no valor da amizade e do riso na recuperação dos pacientes.
Ela leu um livro sobre a história dele e resolveu juntar um grupo de voluntários para modificar a vida das crianças com câncer da região. Em 2004, o projeto se transformou no Instituto Anjos da Enfermagem e, desde então, vem replicando anjos em diferentes regiões do País.
“Esse trabalho, voltado à humanização na saúde, reforça, no futuro enfermeiro, a responsabilidade social, ampliando a visão do que é um ser humano e como deve ser o cuidado”, explica Cibelle Lopes de Santana Ramalho, coordenadora estadual do programa.
Na última quarta-feira, os novos 12 anjos de Pernambuco visitaram o local de trabalho voluntário: as enfermarias de oncologia pediátrica do Hospital Universitário Oswaldo Cruz (Huoc), onde vão atuar o ano inteiro.
São oito titulares e quatro suplentes. “Eles precisam estar devidamente matriculados na graduação de enfermagem e ser maior de 18 anos”, explica Cibelle. O estudante tem que dedicar 10 horas semanais ao projeto. Além de visitar pacientes e familiares no Huoc, participa de cursos e oficinas com a temática da humani-zação. Não tem direito à ajuda de custo, mas, no fim do ano, recebe um certificado de voluntariado, que pode ser incluído como atividade de extensão.
Os anjos não têm asas, vestem-se de palhaços e distribuem muito mais que sorrisos. Utilizam diferentes dinâmicas, com música, brinquedo terapêutico e outras técnicas para aliviar o sofrimento de quem passa a maior parte do tempo hospitalizado.
“Aprendemos de fato a sermos humanos e passamos a ver a pessoa não só como um paciente”, diz Mirella Barros, 23 anos, aluna do 8º período da Universo. Ela participou da segunda turma de anjos e hoje colabora com o projeto. Monalyza de Almeida, que está no 2º ano do curso, é iniciante no projeto. “Vai enriquecer minha formação”, espera.
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