Nas eleições regionais deste domingo, que tiveram uma abstenção de 40%, o PP não conseguiu bons resultados na Andaluzia e na região de Asturias. Esquerda Unida tem extraordinário crescimento, capitalizando o descrédito em relação aos dois maiores partidos. A direita espanhola recebeu neste domingo sua primeira mensagem de advertência. Mariano Rajoy sabe agora que não tem um cheque em branco nas mãos. O artigo é de Oscar Guisoni.
Madri - As pesquisas anunciavam uma surra que não aconteceu e o Partido Popular já saboreava o mel do poder regional absoluto, já que estava prestes a conquistar a fugidia Andaluzia, após três décadas de domínio socialista absoluto. Para o PSOE, perder a Andaluzia era o mais parecido com o desastre total, apenas três meses depois de ter obtido o pior resultado de sua história contemporânea. Após o estrepitoso final do governo Zapatero, dava-se também como favas contadas que os socialistas iam terminar por se arrebentar contra o solo de sua própria incapacidade política para lidar com a crise. Mas não foi assim. No último momento, algo deu errado.
O PP ainda ensaia seus primeiros passos no governo nacional após oito longos anos na oposição e a onda conservadora havia produzido estragos nas eleições regionais do ano passado. A única região importante que restava ao PSOE era a Andaluzia e ela estava a ponto de cair. Os conservadores jogaram uma carta pesada: Javier Arenas. Presidente da direita regional e membro da direção do partido em nível nacional, Arenas tentava neste domingo pela quarta vez chegar ao poder. Mas a crise tem tempos que a política desconhece e a brutalidade da reforma trabalhista proposta por Mariano Rajoy, somada ao forte programa de ajuste que – segundo muitos suspeitam – será incrementado a partir de agora, colocou um freio na onda conservadora apenas três meses depois de sua estrondosa vitória nas eleições gerais.
O PP perdeu domingo nas eleições regionais na Andaluzia “cinco pontos percentuais de apoio e quase meio milhão de votos em comparação aos resultados do dia 20 de novembro passado”, segundo o jornal El País. Se a esses dados se soma o extraordinário crescimento da Esquerda Unida, que conseguiu, com seus 12 deputados, transformar-se na força indispensável para que o PSOE retenha o governo regional, então a derrota de Mariano Rajoy adquire proporções importantes. O campo de esquerda sempre foi forte na Andaluzia, uma das regiões mais empobrecidas do Sul, mas os resultados deste domingo a catapultaram para o centro da cena política.
A Esquerda Unida terá a partir de agora o dobro de deputados com que contava no parlamento regional, encontrando-se assim em condições de forçar o PSOE a adotar um programa de esquerda. E os socialistas podem mostrar o resultado como uma vitória apesar de, em número de votos, o PP se impôs pela primeira vez em território andaluz. Quando a queda é tão vertiginosa qualquer resultado é bom se não implica a perda do governo e isso é o que previsivelmente ocorrerá agora, salvo que as negociações entre Esquerda Unida e PSOE naufraguem por diferenças insuperáveis.
Além dos esquálidos resultados na Andaluzia, o PP amargou outra derrotada no domingo, que já era apontada pelas pesquisas, mas que nem por isso foi menos amarga. Na região das Astúrias, uma fração de direita do próprio PP tirou-lhe o protagonismo regional, ao mesmo tempo em que a Esquerda Unida e o PSOE melhoraram expressivamente seus resultados anteriores. Esse quadro fechou uma jornada eleitoral que indica para onde caminha a sociedade espanhola. Para voltar ao governo em Astúrias o PP deve agora negociar com o radical de direita Álvarez Cascos, um acordo difícil por causa das feridas abertas no processo de saída de Cascos do PP há apenas dois anos. Os dois grandes partidos (PP e PSOE) perderam neste domingo quase um milhão de votos em apenas duas regiões, o que dá uma ideia do desgaste que sofre a classe política espanhola acossada pela crise desde 2008.
A abstenção de 40% completa a radiografia das eleições deste domingo. Há, acima de tudo, um brutal descrédito na política, já expresso nas ruas pelos “indignados” e um crescimento exponencial das forças alternativas que, neste momento, é capitalizado pela Esquerda Unida. A direita espanhola recebeu neste domingo sua primeira mensagem de advertência. Mariano Rajoy sabe agora que não tem um cheque em branco nas mãos e a velocidade com a qual se desgasta sua legitimidade começa a produzir vertigens nos corredores do poder. Sobretudo se o rumo confirmado agora pelo governo em Madrid é o do aprofundamento do ajuste e da aplicação rigorosa das receitas recomendadas por Berlim e pelos organismos de crédito internacionais.
O PP ainda ensaia seus primeiros passos no governo nacional após oito longos anos na oposição e a onda conservadora havia produzido estragos nas eleições regionais do ano passado. A única região importante que restava ao PSOE era a Andaluzia e ela estava a ponto de cair. Os conservadores jogaram uma carta pesada: Javier Arenas. Presidente da direita regional e membro da direção do partido em nível nacional, Arenas tentava neste domingo pela quarta vez chegar ao poder. Mas a crise tem tempos que a política desconhece e a brutalidade da reforma trabalhista proposta por Mariano Rajoy, somada ao forte programa de ajuste que – segundo muitos suspeitam – será incrementado a partir de agora, colocou um freio na onda conservadora apenas três meses depois de sua estrondosa vitória nas eleições gerais.
O PP perdeu domingo nas eleições regionais na Andaluzia “cinco pontos percentuais de apoio e quase meio milhão de votos em comparação aos resultados do dia 20 de novembro passado”, segundo o jornal El País. Se a esses dados se soma o extraordinário crescimento da Esquerda Unida, que conseguiu, com seus 12 deputados, transformar-se na força indispensável para que o PSOE retenha o governo regional, então a derrota de Mariano Rajoy adquire proporções importantes. O campo de esquerda sempre foi forte na Andaluzia, uma das regiões mais empobrecidas do Sul, mas os resultados deste domingo a catapultaram para o centro da cena política.
A Esquerda Unida terá a partir de agora o dobro de deputados com que contava no parlamento regional, encontrando-se assim em condições de forçar o PSOE a adotar um programa de esquerda. E os socialistas podem mostrar o resultado como uma vitória apesar de, em número de votos, o PP se impôs pela primeira vez em território andaluz. Quando a queda é tão vertiginosa qualquer resultado é bom se não implica a perda do governo e isso é o que previsivelmente ocorrerá agora, salvo que as negociações entre Esquerda Unida e PSOE naufraguem por diferenças insuperáveis.
Além dos esquálidos resultados na Andaluzia, o PP amargou outra derrotada no domingo, que já era apontada pelas pesquisas, mas que nem por isso foi menos amarga. Na região das Astúrias, uma fração de direita do próprio PP tirou-lhe o protagonismo regional, ao mesmo tempo em que a Esquerda Unida e o PSOE melhoraram expressivamente seus resultados anteriores. Esse quadro fechou uma jornada eleitoral que indica para onde caminha a sociedade espanhola. Para voltar ao governo em Astúrias o PP deve agora negociar com o radical de direita Álvarez Cascos, um acordo difícil por causa das feridas abertas no processo de saída de Cascos do PP há apenas dois anos. Os dois grandes partidos (PP e PSOE) perderam neste domingo quase um milhão de votos em apenas duas regiões, o que dá uma ideia do desgaste que sofre a classe política espanhola acossada pela crise desde 2008.
A abstenção de 40% completa a radiografia das eleições deste domingo. Há, acima de tudo, um brutal descrédito na política, já expresso nas ruas pelos “indignados” e um crescimento exponencial das forças alternativas que, neste momento, é capitalizado pela Esquerda Unida. A direita espanhola recebeu neste domingo sua primeira mensagem de advertência. Mariano Rajoy sabe agora que não tem um cheque em branco nas mãos e a velocidade com a qual se desgasta sua legitimidade começa a produzir vertigens nos corredores do poder. Sobretudo se o rumo confirmado agora pelo governo em Madrid é o do aprofundamento do ajuste e da aplicação rigorosa das receitas recomendadas por Berlim e pelos organismos de crédito internacionais.
Nenhum comentário:
Postar um comentário