quinta-feira, 15 de março de 2012

Copom admite desaceleração acima do esperado e prevê inflação abaixo de 4,5%

Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central divulgou ata da reunião do início do mês que acelerou o ritmo de baixa nas taxas de juros. Texto admite surpresa com desaceleração econômica. Entre janeiro e agosto de 2011, o comitê havia colaborado com o desaquecimento, ao elevar a selic de 10,75% a 12,5%. Justificada era o controle da inflação.



São Paulo - A ata da reunião do Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central (BC), divulgada nesta quinta-feira (15), revela que o órgão admite uma desaceleração maior do que o esperado da economia brasileira, no segundo semestre de 2011. "Foi maior do que se antecipava", diz o texto. O movimento fez o PIB do país crescer apenas 2,7% ao longo do ano, abaixo da previsão inicial de 4,5%.

O desaquecimento econômico havia sido estimulado pelo próprio Copom. Entre janeiro e agosto de 2011, o comitê elevou a taxa básica de juros da economia, a selic, de 10,75% a 12,5%, escalonadamente e em seguidas reuniões, para enfrentar a alta inflacionária. A medida, somada à crise internacional, ajudou a desaquecer a produção e o consumo interno.

Agora, com a inflação em baixa em 2012 e a economia patinando, o Copom decidiu cortar a selic em meio ponto percentual, para 9,75%, em sua reunião do dia 7 de março. Com isso, sinaliza-se um cenário mais favorável para o investimento, com juro mais baixo para o crédito.

Também o horizonte de inflação é decrescente. "A projeção para a inflação de 2012 reduziu-se em relação ao valor considerado na reunião do Copom de janeiro e se encontra abaixo do valor central de 4,5% para a meta fixada pelo Conselho Monetário Nacional", afirma a ata.

No cenário de mercado, que leva em conta as trajetórias de câmbio e de juros coletadas pelo BC com analistas de mercado, no período imediatamente anterior à reunião do Copom, a projeção de inflação para 2012 também recuou e se encontra ao redor do valor central da meta para a inflação.

Os diretores não esperam reajuste de preços da gasolina e do gás residencial neste ano. Para telefonia fixa e de eletricidade, a previsão de alta é de 1,5% e 2,3%, respectivamente. Para 2013, porém, a projeção de inflação se elevou para acima dos 4,5%, mas ainda dentro do teto, de 6,5%.

Segundo o ex-direitor do BC Luiz Lemos Leite, a ata do Copom sinaliza que o Copom deve levar a taxa selic para patamares "ligeiramente acima dos mínimos históricos" - próxima, portanto, de 8,75 % ao ano, que vigorou entre julho de 2009 a abril de 2010. Segundo ele, é uma clara sinalização da tentativa de mitigar os efeitos da crise e colocar a economia brasileira de volta no caminho do crescimento.

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