sábado, 23 de julho de 2011

Alerta de Lula não garante paz entre os Joões

Ex-presidente aconselhou bom senso entre João Paulo e João da Costa


Foto: Hélia Scheppa/JC Imagem
“Desentendimento não é bom nem entre times de futebol. Nem entre (as seleções do) Brasil e Argentina. Quanto mais entre dois companheiros de partido”. A comparação, em tom de advertência, foi feita esta sexta (22) pelo ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT), após um encontro reservado no Palácio do Campo das Princesas, pouco antes de seguir para a solenidade de recebimento dos títulos de doutor honoris causa no Teatro Santa Isabel.

Lula se referia à briga interna entre o ex-prefeito do Recife João Paulo e o atual, João da Costa. Desde que chegou à capital, na quinta-feira à noite, criou-se a expectativa de que ele daria um “puxão de orelhas” nos dois petistas. Mas o ex-presidente retornou a São Paulo, à tarde, sem conseguir sinal aparente de trégua entre os dois Joões.

João Paulo e João da Costa participaram da conversa de sexta (22), no segundo andar do Palácio, juntamente com o governador Eduardo Campos (PSB), o vice-governador João Lyra (PDT), o senador Humberto Costa (PT), o escritor Ariano Suassuna e o vice-prefeito Milton Coelho (PSB).

Todos se empenharam em negar que tivesse sido tratada a questão da rivalidade entre os dois petistas, rompidos desde 2009. O próprio ex-presidente tentou desconversar, afirmando que ficou calado, apenas escutando Ariano. “Quando o Suassuna fala, a gente fica mudo. Ele nos deu uma aula-espetáculo”, brincou, sem convencer os jornalistas de que não teria conversado com os dois correligionários, cujo confronto pode, inclusive, comprometer o desempenho do PT na sucessão do Recife. “Vocês só querem saber de briga e intriga. Eu nem sabia que eles estavam brigados”, acrescentou.

A comitiva liderada por Lula e Eduardo fez o trajeto de pouco mais de cem metros do Palácio ao teatro a pé. Enquanto caminhava, o ex-presidente disse aos jornalistas não ter tratado de política. Mas logo em seguida voltou a mencionar a crise no PT.

“Em política, tudo pode acontecer. Eles (João Paulo e João da Costa) têm que ter bom senso. Ver se as razões para as divergências são maiores do que para as convergências. A questão é política e exige muito tato”, falou. Lula advertiu ainda que o problema não está apenas no seu partido, e que é preciso levar em conta as legendas aliadas no Estado, “para não fazer nada precipitado”. Para ele, ainda há muito tempo até 2012 para que os dois se acertem. Lula prometeu voltar ao Recife em breve para discutir sucessão com os petistas.

Na caminhada até o teatro, Lula ouviu elogios de populares e parou para cumprimentar alguns deles, relembrando o clima das visitas presidenciais que fez ao Estado. Quando questionado se em vez de continuar sofrendo para “desencarnar” da Presidência não seria melhor “reencarnar” no cargo, ele foi objetivo: “É um processo ainda mais difícil”.

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