quinta-feira, 14 de julho de 2011

Show histórico abre Festival de Inverno

Alceu Valença sobe ao palco para tocar sucessos do início da carreira



Ilustração: Divulgação

Alceu Valença volta a apresentar, 35 anos d

epois, o show do disco Vivo para o público pernambucano na abertura do Festival de Inverno de Garanhuns, nesta quinta (14), na Praça Guadalajara, numa noite dedicada a Lula Côrtes, o homenageado festival que comemora, por sua vez, 21 anos.

Na estreia de Alceu Valença, com o show Vou danado pra Catende, em 1975, no Teatro Tereza Rachel, em Copacabana, no Rio, a plateia era formada por 60 pessoas, a maioria de amigos do cantor. No dia seguinte, o número diminuiu para 39. No terceiro dia, apenas cinco pessoas foram conferir o espetáculo que Alceu havia começado no Teatro do Parque, no Recife, com uma banda formada por Zé Ramalho (voz e viola), Zé da Flauta (flauta), Ivinho (guitarra), Paulo Rafael (viola), Dircinho (baixo), Israel Semente Proibida (bateria) e Agrício Noia (percussão).

Alceu Valença era ainda pouco conhecido no Rio, apesar de Vou danado pra Catende ter sido uma das canções mais badaladas no Festival Abertura, promovido pela TV Globo, poucos meses antes. Ele resolveu reverter o quadro: “Arranjei um megafone, chamei os meninos, Zé da Flauta, Zé Ramalho e fomos para rua, anunciando o maior espetáculo da Terra. Resultado: ficamos durante dois meses no Tereza Rachel, com a lotação esgotada todas as noites”.

O show acabou, no ano seguinte, em disco, com o título de Vivo. Lançado pela Som Livre é o álbum mais cultuado de Alceu Valença, o “Taumaturgo crazy do Nordeste”, conforme escreveu, na época, a jornalista Ana Maria Bahiana, na revista Rock a História e a Glória.

Convidado no começo deste anos para retomar o show cujo disco completava 35 anos, com uma apresentação no Sesc-Belenzinho e depois no Studio SP, em São Paulo, Alceu Valença chamou um dos remanescentes da formação de 1976, Zé da Flauta a se juntar a Paulo Rafael e mais o restante da sua banda – Tovinho (teclados) Edwin (percussão), Maurício Oliveira (baixo) e Cássio Cunha (bateria). Convidou ainda Lula Côrtes.

“O show no Studio SP foi uma coisa absurda. A plateia muito jovem, e trajados com roupas de antigamente. No local cabiam 500 pessoas, mas havia muita gente querendo ver o show. Então o pessoal resolveu fazer inscrição. Quem quisesse ver se inscrevia para comprar ingressos. Resultado: ficaram 3.800 pessoas do lado de fora. Lula tocou no show do Sesc, e acho que sabia o que ia acontecer, porque estava muito emocionado, chorou, me agradeceu pelo convite”. Lula Côrtes faleceu dois dias depois, no Recife.

Alceu Valença lembra que conheceu Lula Côrtes, em 1973, quando trabalhava no filme A noite do espantalho, de Sérgio Ricardo, em Nova Jerusalém. “Ele me disse que gostava de Planetário, uma música minha que está no disco que fiz com Geraldinho (Azevedo), em 1972. Planetário tinha aquela coisa mourisca, de que Lula gostava. Neste tempo ele já tocava o tricórdio que trouxe do Marrocos. Chamei ele pra tocar no Molhado de suor. Depois ele fez parte da banda Trem de Catende, que participou do Abertura”.

Os dois foram parceiros em duas músicas, Noite preta (do primeiro disco de Zé Ramalho, de 1978, e gravada por Lula Côrtes em Rosa de sangue, pela Rozenblit, e O tempo e o vento, também de Don Tronxo (do CD Forró de todos os tempos).

Quando foi contratado pela Ariola, Alceu Valença convenceu os executivos brasileiros, da gravadora alemã a contratar Lula Côrtes: “Fiz a cabeça do pessoal. Vim para o Recife com o produtor Sérgio Mello para que ele conhecesse Lula Côrtes, que foi contratado pela Ariola.” No show do disco 5 sentidos, no meio, eu saía e ele cantava, e sempre fumando. Ele era um poeta, um cara com que eu gostava de conversar, e um cantor do tempo em que não se podia desafinar. Cantava muito”.

No show desta quinta, obviamente, Alceu Valença não vai se limitar ao repertório do álbum Vivo, que chega se muito a 40 minutos. Cantará canções daquele período e os sucessos obrigatórios. “Várias músicas do show não entraram no disco, inclusive Vou danado pra Catende, ou Anjo de fogo, que gravei no Espelho cristalino. Canto também Molhado de suor. No final, mudo o tempo e faço as músicas mais conhecidas”, antecipa.

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