Parentes cobram que a Anac e o Cenipa elejam representante das vítimas para acompanhar as apurações
A família de Roberto Gonçalves, 60 anos, copiloto do avião da Noar Linhas Aéreas que caiu no Recife no último dia 13, vai solicitar nesta sexta-feira (29) à Agência Nacional de Aviação Civil (Anac) e ao Centro de Investigação e Prevenção de Acidentes Aeronáuticos (Cenipa) que elejam um representante dos familiares das 16 vítimas do voo 4896 para acompanhar as apurações do acidente. Segundo um dos irmãos de Roberto, o piloto Jairo Gonçalves, 50, o objetivo da iniciativa é dar transparência ao processo, evitando a boataria que ronda as investigações.
"Não estamos contestando a idoneidade do trabalho dos órgãos competentes. Queremos acompanhar o que está sendo feito porque toda hora surgem histórias diferentes por aí", ressalta Jairo. Segundo ele, a família, com várias pessoas ligadas à aviação, tem como prioridade descobrir as causas do acidente. As questões legais que definirão as indenizações concedidas aos familiares das vítimas serão examinadas posteriormente. "Não estamos com pressa, mas pretendemos nos articular com parentes de outros ocupantes do avião", afirmou.
Pouco mais de duas semanas após a tragédia, o Cenipa, que realiza a apuração técnica do acidente, com fins de prevenção, informou que as investigações ainda estão em andamento e não têm prazo definido para terminar, podendo levar o tempo que for necessário para esclarecer os fatos. Em nota emitida pelo Centro de Comunicação Social da Aeronáutica, o órgão garantiu que não houve a divulgação do áudio do registrador de voz, conhecido como caixa-preta. "O conteúdo divulgado hoje (ontem), por veículo de imprensa não é a transcrição do conteúdo daquele dispositivo", diz a nota. Segundo o Cenipa, as informações "devem ser preservadas pela investigação técnica e utilizadas exclusivamente para a prevenção de acidentes aeronáuticos" para estar de acordo com o Anexo 13 da Convenção de Chicago, da qual o Brasil é signatário.
Inspetores da Anac terminaram na última segunda-feira a auditoria realizada na companhia aérea Noar, iniciada no dia 17, quatro dias após o acidente. De acordo com a assessoria da agência, o relatório final contendo os resultados da análise deve ficar pronto e ser apresentado à imprensa na próxima semana. A Noar continua impedida de operar por tempo indeterminado.
Única responsável pela investigação criminal da queda do avião desde o dia 20, quando a Justiça Federal decidiu que a competência da apuração é de âmbito federal, a Polícia Federal em Pernambuco, aguarda a chegada de todas as respostas das solicitações enviadas aos órgãos envolvidos com o acidente, tais como Anac, Cenipa, Infraero, Noar e Polícia Civil, cujo inquérito realizado até o dia 20 ainda não chegou à sede da PF. "Temos apenas as cópias dos autos. O original ainda se encontra no Ministério Público Federal", informou o assessor de comunicação da PF, Giovani Santoro.
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