sábado, 16 de julho de 2011

Pilotos perderam controle e não tentaram aterrissar

Primeiras informações da perícia dão conta que pilotos não procuravam área para pousar


Foto: Alexandre Gondim/JC Imagem


O exame preliminar do local da queda do avião LET-410 da Noar Linhas Aéreas realizado pelo Instituto de Criminalística (IC) demonstra que os pilotos não tinham controle da aeronave quando ela se chocou com o solo. Os três peritos que participaram do levantamento não encontraram marcas que demonstrassem uma tentativa de aterrissagem, mas apenas uma área de impacto.

A maioria das vítimas estava concentrada na parte dianteira do avião logo atrás da cabine dos pilotos. Apenas um passageiro ficou próximo à cauda do avião e foi menos atingido pelo incêndio ocorrido segundos depois da queda.

O gestor do Instituto de Criminalística, Luiz Carlos Soares, explicou que uma equipe especial foi montada para cuidar da perícia do acidente com o avião da Noar. “Enviamos três peritos, um deles especialista em explosivos, e três auxiliares para realizar o levantamento”, detalhou o gestor.

Os peritos encarregados do trabalho foram o engenheiro elétrico Gilmário Lima, o físico Paulo Gustavo Xavier e o biólogo, especialista em explosivos, Diego Costa. “Não encontramos no terreno onde ocorreu o acidente qualquer indicativo de tentativa de aterrissagem. Não havia um rastro no solo demonstrando isso. O que existia era uma área muito restrita ao redor do ponto de impacto. Fizemos uma delimitação do espaço e trabalhamos no levantamento de todas as evidências”, explicou Gilmário.

O perito Diego Costa revelou que o trabalho em campo se soma ao que vem sendo feito no Instituto de Medicina Legal (IML) para identificar cada vítima. “Fotografamos a posição de cada vítima, catalogamos os objetos pessoais e encaminhamos os corpos ao IML com uma pulseira numerada para facilitar a associação entre cada um e os pertences localizados”, disse Costa.

Os peritos também foram minuciosos em registrar sinais característicos da cada vítima. “Catalogamos próteses, tatuagens, piercings e ainda objetos como relógios e anéis para facilitar a identificação”, completou Diego Costa.

CENIPA - As informações dos peritos do Instituto de Criminalística serão somadas às apuradas pelo Centro de Investigação e Prevenção de Acidentes Aeronáuticos (Cenipa) da Força Aérea Brasileira (FAB). O coronel-aviador Fernando Camargo, que preside a comissão de apuração do caso, adiantou alguns dados por meio da assessoria da FAB.

“Recolhemos dois motores, um conjunto de hélices, painel de alarme, dois gravadores (caixas-pretas) e alguns componentes pequenos, como alavancas e interruptores. Os exames vão determinar, por exemplo, as condições de voo em termos de motorização, se estava com potência ou não, se houve algum problema informado por meio do painel de alarme. São dados que ajudam a demonstrar a dinâmica do acidente. O que sabemos é que a aeronave decolou, o piloto reportou um problema e a aeronave não conseguiu retornar para pouso. Então, temos que procurar as razões que determinaram o insucesso no retorno”, declarou o coronel-aviador.

As duas caixas-pretas do LET-410, uma que grava voz e outra que grava dados, estavam danificadas pelo fogo. Ontem, durante o sepultamento do piloto Rivaldo Cardoso, oficial reformado da Aeronáutica, o major-brigadeiro Luís Antonio Pinto Machado, comandante do Segundo Comando Aéreo Regional, asseverou que a degravação da caixa-preta do avião da Noar Linhas Aéreas ainda não tem data para ser divulgada. “O trabalho de análise dos dados deve levar pelo menos 30 dias”, concluiu o major-brigadeiro.

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