terça-feira, 25 de setembro de 2012

PPP do Saneamento vira o tema principal do Debate da TV Jornal



 
Foto: Clemilson Campos/JC Imagem
Inês Calado, do NE10

A Compesa esteve no centro do #debatetvjornal com os candidatos a prefeito do Recife Geraldo Julio (PSB), Daniel Coelho (PSDB), Humberto Costa (PT) e Mendonça Filho (DEM). O embate foi realizado, na noite desta terça-feira (25), no auditório do Sistema Jornal do Commercio de Comunicação, no Recife. Logo no primeiro bloco, quando os candidatos fizeram perguntas entre si, o tema veio à tona, com críticas ácidas dos opositores ao socialista e ao Governo Eduardo Campos.


Humberto começou os ataques perguntando a Mendonça o que ele achava da PPP da Compesa. O candidato do DEM disparou: "Sou absolutamente contra a privatização da Compesa. A gente tem que ter o compromisso de avançar no investimento. No entanto não vimos ao longo dos 12 anos nenhum grande movimento neste sentido". Humberto, então, aproveitou a deixa para criticar, segundo ele, a privatização da Compesa. "Não somos contra PPP, mas contra essa PPP. Vai provocar desequilíbrio na Compesa ou vai aumentar a tarifa de água".

Mendonça, então, criticou o rompimento do PT e PSB, até então aliados políticos no Recife, onde o vice-prefeito de João da Costa, atual prefeito do PT, é o socialista Milton Coelho. "Brigaram internamente e agora brigam publicamente em torno do poder. O que se assiste aqui é a velha briga entre o PT e o PSB. O PT não pode falar de privatização. Privatizou mais rodovias do que o governo anterior. Vamos deixar essa briga de lado e enfrentar a ausência de políticas públicas que levam saneamento básico à população."

O candidato do DEM, que foi vice-governador do Estado durante oito anos, na gestão Jarbas Vasconcelos, criticou a postura do agora tucano Daniel Coelho de negar sua história ao emplacar a política do novo, falando, inclusive, do pai do candidato, João Coelho, que foi vereador e deputado estadual. "Estreei na Câmara sendo líder da oposição, na Assembleia briguei com meu antigo partido para ficar na oposição. Foi exatamente Maurício Rands (PT) que defendeu a PPP."

A polarização entre Geraldo e Humberto continuou. Em resposta a Daniel Coelho, o socialista disse que o PT não aproveitou a ajuda do Governo do Estado para cuidar melhor da cidade. "Nós tentamos ajudar o PT, mas eles não aproveitaram essa ajuda", enfatizou.

SEGUNDO BLOCO - O segundo bloco começou com o direito de um minuto de resposta a Geraldo Julio pelos ataques do candidato Humberto sobre a PPP da Compesa. A comissão jurídica do debate cumpriu determinação do desembargador do Tribunal Regional Eleitoral (TRE-PE) Roberto Morais que proibiu, nesta terça-feira, peças publicitárias em que o petista acusa Geraldo de defender a privatização da Compesa por induzir o eleitor ao erro.

"Não há chance da Compesa ser privatizada. Tocar nesse assunto é atitude de quem está deseperado e só que atacar", respondeu o socialista.

Com a proibição de relacionar a PPP da Compesa com privatização, o debate acalmou com perguntas de temas livres dos telespectadores aos postulantes, enviadas anteriormente e selecionadas pela produção do debate.

Questionado sobre um possível armamento da guarda municipal, Geraldo se posicionou contra e ressaltou resultados do Pacto Pela Vida, programa com o qual disse querer garantir a segurança na cidade. Medonça comentou e prometeu dobrar o efetivo. Na segunta pergunta de eleitores, em relação a políticas públicas para a área da tecnologia da informação, a primeira farpa. "O Porto Digital foi feito no Governo Jarbas, não foi Geraldo que fez", brincou Mendonça. O democrata aproveitou para falar do Recife Antigo e dos projetos de revitalização para a região. Humberto comentou dizendo que tributos na área já foram baixados, em resposta à promessa anunciada por Mendonça.

"Não sou a favor de salários astronômicos", disse Humberto, quando questionado sobre o aumento salarial dos vereadores do Recife. "Prefeito não tem poder de vetar esse tipo de decisão e, sim, a Câmara", justificou o senador.

Sobre a revitalização dos mercados públicos, Daniel apresentou propostas de parceria com a inciativa privada para poupar dinheiro da gestão.

O único momento tenso do bloco partiu do candidato Geraldo Julio, que disparou contra Daniel Coelho. "Uma cidade boa de visitar é boa de morar", disse o socialista. A frase, muito semelhante a outra dita pelo tucano em um outro debate, foi o gancho para Daniel ironizar. "Geraldo provou estar atento ao que dizemos. O concorrente decorou nossa frase e mostrou que não tem nenhuma proposta, nada de concreto. Enrolou e  não disse nada", falou.

TERCEIRO BLOCO - Novo embate com candidato perguntando a candidato. Geraldo Julio escolheu Daniel Coelho e pediu para que o tucano apresentasse suas propostas para combater os alagamentos da cidade. Em sua réplica, o socialista foi agressivo quando afirmou que, com Daniel, o velho está vestido de novo. "Daniel e seu pai estão há anos na política, assumiram cargos comissionados e nunca fizeram nada na cidade. Ele não explicou o que vai fazer. Alagamento a gente combate com obras de drenagem forçada. Daniel fala, mas não faz nada." Daniel retrucou: "Vamos respeitar o telespectador. Você não diz que é o candidato paz e amor?"

Novos ataques quando Mendonça perguntou a Humberto o que ele fará para melhorar a educação do Recife. O candidato do DEM aproveitou a resposta para "jogar" no colo do petista o ex-governador Joaquim Francisco (na época PFL, hoje PSB), seu suplente no Senado. "O senador Humberto gosta tanto dos meus aliados que colocou Joaquim Francisco como suplente à vaga". E Humberto replicou: "O debate é político e administrativo, não é pessoal, tenho respeito a Roberto Magalhães, mas tenho que dizer como o PT avançou."

Humberto questionou Geraldo sobre seu "silêncio" com relação à participação do PSB na gestão João da Costa. "Qual a sua posição sobre a atual gestão que, na prática, está te ajudando na campanha?", perguntou o petista. E Geraldo foi novamente duro: "O PSB participou da gestão e você sabe disso, sabe que o PSB passou mais de R$ 70 milhões nos últimos três anos para o Recife. Mas, às vezes, a gente quer ajudar uma pessoa e essa pessoa não quer ser ajudada. A sua candidatura foi imposta por São Paulo, num processo antidemocrático e está em oposição à atual gestão da prefeitura. A minha candidatura é a única que não vem de raposas da velha política. Todos os outros representam raposas."

Humberto foi enfático: "A primeira qualidade de um líder político é a humildade. Arrogância não leva a nada. O PT briga mesmo, pelo povo pobre, pelo direito das pessoas. Quando Jarbas brigou com Arraes (avô de Eduardo Campos, ex-governador de Pernambuco) e Eduardo no caso dos precatórios eu briguei por ele. Seu ministro Fernando Bezerra, quando foi atacado pela mídia nacional, eu briguei por ele no plenário, e por Ana Arraes no TCU", afirmou o petista.

Na tréplica, novos ataques: "Não vou entrar nesse jogo, nessa briga. O povo do Recife cansou das brigas da PT, o povo sabe o que você fez com João Paulo, com Maurício Rands e com o prefeito João da Costa. Não queremos mais isso, não queremos ver o Recife descendo a ladeira. Precisamos mudar, junto com o Governo do Estado, que é testado e aprovado", disse Geraldo.

O momento mais tenso aconteceu quando Geraldo saiu do habitual estilo "paz e amor" para adotar um tom mais agressivo, disparando contra todos os candidatos.

Sobre Humberto: "O PT viveu uma briga e sua candidatura veio imposta de São Paulo, num processo anti-democrático. Na verdade, a minha candidatura é a única que não é das raposas políticas. Um tem 40 anos de política (sobre Humberto); outro também veio de família de políticos e já está na política há muito tempo (contra Mendonça); o outro soma os mandatos do pai, assessoria política e cargos comissionados. É da velha política, de Fernando henrique Cardoso, José Serra (acusando Daniel Coelho)."

ÚLTIMO BLOCO - O tema PPP da Compesa voltou no quarto e último bloco, mesmo o assunto tendo sido proibido pelo TRE-PE. Na última parte do encontro, os jornalistas do Sistema Jornal do Commercio de Comunicação fizeram perguntas. Ciro Bezerra, da TV Jornal, questionou Daniel Coelho (PSDB) se ele é a favor ou não das privatizações. O jornalista lembrou que o tucano critica a PPP, mas o ex-presidente Fernando Henrique Cardoso, que é da sua legenda, teve um governo marcado por privatizações.

"A gente não tem nada para privatizar na Prefeitura. Eu pelo menos não conheço nenhum órgão que precise privatizar. A PPP é importante quando beneficia a população. O que não podemos permitir é a PPP que prejudique. Quem levantou o caso da PPP fui eu, no meu mandato como deputado", respondeu, ressaltando a privatização da telefonia do governo FHC e a mais recente, dos aeroportos, feita pela presidente Dilma Rousseff (PT).

Na réplica, o jornalista perguntou se o tucano terá o apoio do governador Eduardo Campos, caso seja eleito. "Não queremos brigar com o governador. Independente de ele ter outro candidato, ele não vai abandonar o Recife. Na verdade, quando a eleição acabar, vamos contar com o apoio de Geraldo, que vai voltar para o Governo do Estado; com Humberto no Senado e Mendonça na Câmara Federal. Nossa política é de convencê-los e não de derrotá-los".

Humberto Costa seguiu no debate o mesmo tom crítico que vem pontuando sua campanha nas duas últimas semanas. Questionado por Sérgio Montenegro Filho se as farpas atuais contra Eduardo Campos e seu afilhado político é uma antecipação do embate PT X PSB no futuro, o senador aproveitou para trazer de volta o assunto da PPP. "Esse assunto da PPP, já que Geraldo proibiu a palavra privatização, é uma proposta que diz garantir o saneamento, mas áreas como morros vão ficar de fora dessa urbanização. A parte boa, lucrativa, vai ficar com quem ganhar a licitação. Ou o Governo vai prejudicar ou vai aumentar. O saneamento interessa a cidade. Dilma está destinando investimento para saneamento das cidades. Pretendo fazer parcerias sem trazer prejuízos para a população", destacou.

Sobre a participação de secretários do PT na gestão Eduardo Campos, Humberto, mais uma vez, não respondeu diretamente. "Nós estamos tendo uma disputa municipal. O PSB também tem gente na prefeitura. Não queremos nacionalizar essa disputa. Se dependesse de nós, estaríamos juntos. Mas foi Eduardo Campos que foi buscar Jarbas Vasconcelos. Romperam comigo para se unir a quem sempre atacou. Sou amigo de Eduardo, fui secretário dele e quero trabalhar com ele como prefeito na cidade do Recife."

E novamente a PPP da Compesa na pergunta de Jamildo Melo, do Blog de Jamildo, para Mendonça Filho. O jornalista comparou a criticada privatização da Compesa com a venda de 30% da Caixa Econômica Federal no governo FHC, até então aliado político do antigo PFL, hoje DEM. Mendonça saiu pela tangente. "Como todas as empresas estatais do Brasil. A Petrobras tem milhares de acionistas. Não havia risco do controle de uma companhia como a Compesa passar para a iniciativa privada. Toda negociação que se deu no nosso governo se deu entre a Compesa e a CEF (Caixa), ambas públicas."

RAPOSAS - Sobre a acusação de Geraldo, que chamou os demais candidatos de "velhas raposas da política", a comissão jurídica do debate concedeu direito de resposta a Mendonça, Daniel e Humberto.

"Até uma brincadeira é bem-vinda, mas comparar um candidato a uma rapousa é rebaixar o nível. Aquele que está acompanhando em casa quer um debate de alto nível. O que quero é usar minha história de vida para melhorar a qualidade de vida na cidade do Recife", disse Mendonça.

Daniel foi mais duro: "É lamentável que numa oportunidade de discutirmos ideias sejam feitas agressões. Ele diz que é da paz, na prática foi o único que conseguiu agredir os três ao mesmo tempo. Tenho muito respeito por todos. Não queremos destruir, queremos convencê-los para contar com a colaboração deles. Quem vai decidir é o eleitor e espero que o eleitor decida por nossa candidatura."

Humberto usou sua tragetória política para responder às acusações. "Na política, a primeira coisa fundamental é o respeito e a humildade. Tenho uma reputação honrada, limpa, vereador mais votado, como senador tive a coragem de ser relator do caso Demóstenes. Exijo respeito à minha trajetória, fui ministro de Lula, secretário e colega de Geraldo Júlio, portanto ele deve me tratar como igual, com respeito."

ENTENDA A POLÊMICA - A Parceria Público-Privada (PPP) ambiciona universalizar o saneamento no Grande Recife. Toda a polêmica do caso foi gerada em torno das acusações que o candidato à prefeitura do Recife Humberto Costa tem feito em sua campanha, afirmando que o candidato Geraldo Julio, do PSB, pretende privatizar a companhia.

A Compesa divulgou uma nota de esclarecimento, nesta terça-feira (25), na qual garante que o projeto não é uma privatização e nega reajuste na conta de energia.
fonte:jornaldocommercio

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