domingo, 16 de setembro de 2012

Um mar de problemas no cartão-postal

Obras inacabadas e falta de estrutura são grandes problemas das praias do Estado

                         


Sol, céu azul, um mar de águas mornas e uma brisa constante. Um clima maravilhoso para moradores ou turistas dispostos a visitar o litoral pernambucano. Mais um verão chega e por trás dessa pintura de cartão-postal a situação não está tão bonita quanto parece. A reportagem do Jornal do Commercio percorreu as principais praias dos 187 quilômetros do litoral e registrou imagens belíssimas. Mas constatou o descaso flagrante em alguns locais que já foram chamados de paraíso.

Única praia escolhida dez vezes consecutivas como a mais bonita do Brasil, Porto de Galinhas, em Ipojuca, no Grande Recife, é um eterno canteiro de obras. Parece esquecida e enterrada na falta de estrutura, assim como a vizinha Maracaípe. A 80 quilômetros da capital, dois dos maiores destinos turísticos do Estado, no passado, foram palco até para eventos internacionais. “Estamos sofrendo. Há dois anos Porto e Maracaípe estão em obras que não terminam. Vai entrar um novo governo e tudo vai continuar como antes”, declarou Marcelo Sobral, dono de um armazém em Porto. “Fim de semana não tem estacionamento nem agentes de trânsito”, lembrou Marcelo Rodrigues, dono de uma pousada.

Outro problema grave é o avanço do mar. A estrada em Maracaípe que dava acesso ao pontal foi destruída e a situação não está pior, porque o dono de uma pousada permitiu que os visitantes usem um caminho da propriedade para chegar a um dos lugares mais bonitos da orla.

Quem também está passando por problemas sérios, principalmente com a degradação da natureza e a falta de saneamento, é Gaibu, no Cabo de Santo Agostinho, distante 45 quilômetros da capital. Num dos pontos principais da praia, o esgoto e a sujeira se espalham, principalmente por causa de um canal que corta o Centro, passa pelo terminal e joga tudo no mar. “Já conversamos com a prefeitura. Não adianta. Moro aqui desde criança e é sempre a mesma coisa, ninguém faz nada”, diz Maria José, moradora do local.

Até 2010, o único caminho para chegar aos balneários mais badalados da região era a PE-60, que continua apresentando problemas estruturais. A melhoria veio com a criação da Via Parque, uma rodovia de 6,5 quilômetros, além da Ponte Arquiteto Wilson Campos Júnior, mais conhecida como Ponte do Paiva, com a cobrança de pedágio de R$ 4,10 por veículo nos dias úteis e de R$ 6,20 no fim de semana.

A Praia de Itapuama, por exemplo, na mesma cidade, é procurada por quem gosta de curtir um lugar calmo. A orla está bem estruturada, com lugares amplos para estacionamento. Mas é difícil encontrar um salva-vidas no local, o que preocupa os comerciantes. “Quem vem aqui pode curtir, mas deve ter cuidado redobrado com o mar”, disse Adilson Sales, comerciante de Itapuama. “Os bombeiros deveriam ficar sempre aqui, o mar é muito forte. Mas só aparecem no fim de semana”, dizem os comerciantes.

Em Calhetas, no Cabo, o sofrimento é com a única estrada de acesso ao lugar, conhecida como Estrada da Lua. São quase dois quilômetros de buracos num acesso sem sinalização e pavimentação. “A gente se preocupa com o aumento do movimento. Mas a quantidade de carros agrava os problemas de acesso. Tantos anos e nada foi feito”, disse Artur Santana, morador da praia há 63 anos.

Em Tamandaré, também no Litoral Sul, moradores e visitantes estão felizes com o novo acesso, a ponte sobre o Rio Ariquindá, que facilita o acesso. “O movimento aumentou aqui e na Praia dos Carneiros. Agora, estamos evitando que as pessoas usem som de carros nas praias”, falou a comerciante Wênia Vanessa. “Nem todos ainda estão obedecendo.”

As Prefeituras de Ipojuca e Cabo de Santo Agostinho informaram que existem projetos de melhoria do sistema de esgoto e do acesso a alguns locais. As prefeituras garantem que estão fiscalizando também o uso indevido do som, em toda a orla das praias.
fonte:jconline

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