Blog do Augusto Nunes
O país que
aplaude o Supremo pela condenação dos mensaleiros é o mesmo que elege um
Congresso com cara de clube dos cafajestes, que trata a pontapés a
honestidade.
O país que promoveu Joaquim Barbosa a herói popular é
o mesmo que, a cada quatro anos, ratifica a supremacia dos casos de
polícia no Poder Legislativo.
O país que admira a face clara contempla a escura com bovina mansidão. Decididamente, o Brasil não é para amadores.
E
surpreende até quem acha que já viu tudo, informa o espetáculo do
absurdo encenado na Praça dos Três Poderes. A sucessão de espantos
chegou ao clímax nesta quarta-feira, com a molecagem arquitetada por um
octogenário: foi José Sarney o pai da ideia de votar numa única sessão
mais de 3 mil vetos presidenciais acumulados desde o começo do século.
Para
derrubar o veto de Dilma Rousseff que modificou a nova distribuição dos
royalties do petróleo, o Congresso mais preguiçoso do mundo resolveu
fazer em algumas horas o que não fez durante 12 anos.
Os gerentes
da Casa do Espanto e da Mansão dos Horrores primeiro tentaram furar a
fila. Barrados pela liminar do ministro Luiz Fux que proibiu a esperteza
inconstitucional, Sarney sucumbiu a um ligeiro surto de coragem.
“A
decisão usurpa prerrogativa do Poder Legislativo e o deixa de joelhos
frente a outro Poder”, protestou no recurso encaminhado ao STF. Como se o
Congresso não estivesse de joelhos diante do Executivo desde que foi
amestrado por Lula. Como se não vivesse de quatro para os próprios
interesses corporativistas.
Por saber disso, Sarney voltou no
mesmo dia ao estado normal. Em vez de desafiar o Supremo, preferiu
torturar a lógica, estuprar a sensatez e enterrar 3 mil vetos na mesma
cova rasa. O cansaço chegou antes do começo do trabalho.
Exauridos
pela fabricação de tantas pilantragens em tempo tão curto, o chefão do
Senado e Marco Maia, presidente da Câmara, resolveram armazenar energias
para as festas do fim do ano. Fechado o picadeiro, a noite no circo
ficou para 2013.
fonte:blognoblat
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