quarta-feira, 19 de dezembro de 2012

Mujica volta atrás de projeto para estatizar maconha no Uruguai


'Sociedade não está madura’, diz presidente



Projeto foi lançado pelo governo uruguaio em junho passado
Foto: ANDRES STAPFF / Reuters
Projeto foi lançado pelo governo uruguaio em junho passado ANDRES STAPFF / Reuters
MONTEVIDÉU - O presidente do Uruguai, José "Pepe" Mujica, voltou atrás na terça-feira com o projeto sobre o controle estatal do mercado de maconha, que ele mesmo impulsionou em junho passado. Mujica disse que a sociedade "não está madura".
- A decisão não está madura, por isso a freei. Não vamos votar uma lei porque temos maioria no Parlamento. A maioria tem que estar na rua. As pessoas têm que entender que ao colocar os usuários na prisão só estamos dando um presente ao mercado do narcotráfico. Vamos levar o projeto de forma suava - disse o presidente.
O projeto apresentado pelo governo uruguaio em junho era uma reformulação de outro introduzido no Parlamento por um membro da oposição, que contemplava a legalização do autocultivo da maconha. O governo queria que o Estado fosse o único produtor e vendedor da substância, mas depois aceitou legalizar o cultivo próprio.
O interesse da população pela questão da maconha começou há um ano, quando a argentina Alicia Castilla, de 68 anos, foi presa por ter 29 pés de cannabis em casa. Ao jornal espanhol "El País", Alicia disse não estar surpresa com a decisão de Mujica.
- O projeto foi desde o início um festival de improvisação. Só queriam desviar a atenção ao que estava acontecendo com a Pluna, que faliu. Há quatro meses, não se falava em outra coisa no país a não ser sobre maconha. Vieram jornalistas de todo o mundo para me entrevistar e entrevistar Mujica. Acho que tinha algo muito pessoal no protagonismo que Mujica tomou - disse ela.
Na verdade, o projeto se encontra em fase de estudo no Parlamento. Ele implica a criação do Instituto Nacional de Cannabis (Inca) e autoriza o Estado a assumir “o controle e a regulação de atividades de importação, exportação, plantação, cultivo, colheita, produção, aquisição, armazenamento, comercialização e distribuição de cannabis ou seus derivados”.
- A lei era inviável - opina Alice Castilla. - Você precisava se registrar para cultivar, só seria permitido plantar seis pés e não poderia cultivar mais de 40 gramas. Como pretendiam controlar? Alguém do Instituto de Cannabis ia casa a casa para pesar? Quando? A planta você corta e está úmida, cheia de seiva. Em dois meses, perde 40% do peso.
Além da oposição de um setor da sociedade, o governo teve voto contrário de pelo menos dois deputados, que eram médicos. Membros do partido de Mujica, Frente Ampla, no entanto, se disseram otimistas com o desenvolvimento da lei, apesar da decisão do presidente de frear o projeto.
“Temos que escutar Pepe (Mujica). O projeto de regulação não acaba. Temos que debater, convencer e somar. Vamos fazer a lei. Não duvidem”, escreveu o deputado da Frente Ampla Sebastían Sabini, no Twitter.
fonte/:oglobo

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