O show começou com um vídeo em que Erasmo aparecia com a imagem e a voz adulteradas, como nos depoimentos de dependentes químicos. "Eu tinha 16 anos quando me envolvi pela primeira vez, foi um tal de Bill Halley quem me apresentou, numa festa na Tijuca (...). Não tenho vergonha de dizer que sou viciado em rock n' roll."
O astro da Jovem Guarda entrou no palco com seu típico visual de roqueiro despojado (jeans, camiseta e jaqueta de couro), guitarra em punho, cantando "Jogo Sujo", de seu último álbum, "Rock n' Roll" - alguns dos momentos mais fracos da noite viriam desse repertório atual, que teve ainda "Chuva Ácida" (de Nelson Motta, que estava na plateia) e "Cover".
Em compensação, a cada vez que voltava para as décadas de 70 e 80, Erasmo ganhava a plateia - "Sou uma Criança, Não Entendo Nada", "Mesmo que Seja Eu", "Mulher", "Minha Superstar", "Sentado à Beira do Caminho", todas tiveram coro do público, mesmo com o Tremendão estático no centro do palco.
"Quero dizer que é um orgasmo inenarrável estarmos aqui. Nunca na história desse país vocês viram um compositor tão feliz aqui no palco", disse, em uma de suas várias conversas com a audiência, até porque, como confessaria mais tarde, questões técnicas da gravação do DVD fizeram com que alguns intervalos entre as canções fossem mais longos.
Quando chamou Marisa ao palco, lembrou que a cantora fizera aniversário um dia antes. "E ganhei o presente hoje, que é estar aqui com ele", respondeu Marisa, que soava um tanto rouca - seus duetos com Erasmo, ainda mais rouco, tiveram de ser repetidos ao final, para nova gravação.
Após um medley com trechos de várias parcerias com Roberto Carlos (como "Olha", "Proposta", "Cavalgada", "Café da Manhã", "Eu te Amo, te Amo, te Amo", "Como É Grande o meu Amor por Você"), Erasmo chamou o Rei para o principal momento da noite.
"A gente combinou que não ia chorar, mas eu já comecei antes", disse Roberto, ao abraçar o homenageado. Brincando muito entre si, a dupla contou histórias como a da primeira música que fizeram juntos - Roberto lembrou que estava em sua mesa de trabalho, no Ministério da Fazenda, e ligou para Erasmo pedindo ajuda em uma composição que estava fazendo; o resultado foi "Parei na Contramão".
"Quinhentas composições depois, estamos aqui juntos", disse um emocionado Erasmo. "E vamos continuar, vamos fazer mais 500", respondeu Roberto.
O público notou a presença de Wanderléa na plateia e pediu em coro por uma reunião do trio da Jovem Guarda, em vão. Erasmo, no entanto, enfileirou sucessos da época para fechar o show - "Lobo Mau", "Minha Fama de Mau", "Vem Quente que Eu Estou Fervendo", "É Proibido Fumar" e, no bis, "Festa de Arromba".
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