Caminhões-caçamba chegam frequentemente ao local para descarregar entulhos de construção para serem usados no aterro da área
Parte da área de manguezal localizado no estuário do Rio Tejipió, nas proximidades da comunidade de Sítio Grande, no bairro da Imbiribeira, Zona Sul do Recife, está sendo devastada por pessoas que estão erguendo imóveis irregulares no local. Moradores da região denunciam que caminhões-caçamba chegam frequentemente ao local para descarregar entulhos de construção para serem usados no aterro da área. Eles não querem ser identificados com medo de represálias ou ameaças e afirmam que a Prefeitura do Recife tem conhecimento do problema, mas não toma providências para evitar o desmatamento do manguezal.
De acordo com uma moradora, os caminhões utilizam a Rua Suécia como principal via de acesso para trafegar com as caçambas. As moradias irregulares e a área desmatada do manguezal estão localizadas no final desta artéria. Outra via de acesso é a Avenida Mônaco. “Antes os caminhões circulavam mais à noite, para passar despercebidos. Mas agora é constante. Chegam a qualquer hora, com duas, três caçambas, para descarregar e fazer o aterro. Logo depois, aparece um trator para espalhar o material”, relata, indignada.
Ela considera absurda a ação dos invasores, por causa do risco de alagamentos em dias de chuva. “Para onde vai a água da chuva sem o mangue? Vai morrer todo mundo afogado aqui. A minha casa mesmo já está enchendo de água quando chove”, lamenta.
Um casal, que também não quis ser identificado, contou à reportagem doJornal do Commercio que a área vem sendo ocupada, aos poucos, há mais de cinco anos e que a Diretoria de Controle Urbano (Dircon) já esteve no local duas vezes, mas não tomou as providências cabíveis. Os dois moram em um barraco de madeira, que não dispõe de saneamento básico.
Ele relatou que as famílias invasoras pagam até R$ 30 por caçamba de entulhos, fazem uma cota para alugar um trator, espalhar o material e depois demarcam o terreno com cercas de arame farpado. A reportagem flagrou o momento em que dois caminhões chegavam para descarregar os detritos, mas foram embora ao notarem a presença da imprensa. “Tudo isso aqui era mangue, mas a gente precisa de um lugar para morar. O problema é que as pessoas estão construindo sem controle”, disse a mulher.
Parte da área do mangue que está prestes a ser aterrada encontra-se cortada e queimada. No local, é possível observar a metralha trazida pelos caminhões. São pedaços de estacas, restos de vergalhões, madeira de escoramento, pedaços de concreto, tudo para a base do solo. Algumas casas já estão sendo construídas no local, que parece mais um canteiro de obras.
A Secretaria de Meio Ambiente do Recife se limitou a informou, por meio de nota, que enviará nesta sexta-feira (30) uma equipe ao manguezal para averiguar a denúncia dos moradores da Imbiribeira.
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