sábado, 17 de setembro de 2011

Obra do PAC é abandonada na Zona Oeste

Moradores do Cordeiro, um dos oito bairros contemplados pelo megaprojeto, denunciam o desperdício de verba pública


Foto: Rodrigo Lôbo/JC Imagem

As obras do Programa de Aceleração do Crescimento (PAC) em oito bairros da Zona Oeste do Recife, com grande parte das intervenções no Cordeiro, tocadas pela prefeitura com recursos do governo federal e que deveriam levar saneamento básico e ruas asfaltadas para 74 mil famílias da região, estão paradas.

Moradores do Cordeiro alegam que as ações foram abandonadas em dezembro de 2010. A Prefeitura do Recife assegura que os serviços foram interrompidos há seis meses. Na manhã de ontem, o JC circulou pelas principais vias do bairro.

A Rua Francisco Vita, uma transversal da Avenida Caxangá, é o exemplo mais claro do abandono. Funcionários do consórcio responsável pela execução da obra deixaram o serviço pela metade. Chegaram a fazer a escavação para colocação dos tubos, mas pararam o serviço sem avisar e os moradores não receberam nenhuma satisfação. Apenas alguns buracos foram fechados. Existe uma cratera enorme na via.

O aposentado Cláudio Almeida informou que os recursos foram liberados em 2008, último ano da gestão João Paulo. “Eles até começaram lá no início da rua, mas, de uma hora para outra, largaram tudo. Deixaram até o buraco no meio da rua. Não deram satisfação para a gente. Não sei o que aconteceu. Havia um boato de que as ações iriam ser retomadas em setembro, mas, até agora, nada. Essa rua nunca foi asfaltada.”

Perto de lá, a Rua Walfrido de Medeiros era calçada. “A nossa rua era totalmente asfaltada. Eles vieram aqui, quebraram tudo para colocar as tubulações e foram embora. Desde dezembro, a rua está toda quebrada. Até a calçada, eles destruíram. Não adianta reclamar. Já estou sem voz e nada acontece”, afirmou a professora aposentada Elizete Rodrigues, 80 anos. A vizinha dela, a técnica de enfermagem Eleonora Maria de Souza, 42, não consegue mais entrar com o carro em casa pelo portão da garagem.

“Eles quebraram toda a entrada para a colocação do sistema de esgotamento sanitário. Como o serviço não foi concluído, os entulhos e pedras impedem a passagem do veículo. Tenho que entrar pela rua ao lado”, alegou.

Além das intervenções de esgoto e asfalto, o PAC Cordeiro previa a construção de uma estação de tratamento de esgoto, na Avenida Maurício de Nassau, paralela à Avenida Caxangá. O terreno está completamente abandonado. É possível observar algumas colunas inacabadas que foram erguidas no início da obra. Tubulações de ferro estão jogadas no meio do mato. No local, havia apenas dois vigilantes. Eles informaram que a obra está parada desde janeiro.

“Isso é o maior absurdo. É o nosso dinheiro jogado fora. Os tubos estão ficando velhos, enferrujados. O pior é que a população não é avisada sobre o que aconteceu. Ninguém sabe de nada. Simplesmente, eles foram embora e pronto”, afirmou o comerciante Abdias de Souza, 47 anos.

No ano passado, o prefeito do Recife, João da Costa, chegou a visitar as obras que tinham sido iniciadas no Cordeiro. Na ocasião, ele declarou que não adiantava só fazer reuniões. “É fundamental, num projeto como esse, não só fazer reuniões, mas estar na rua acompanhando a qualidade da obra, conversando com a população. Queremos oferecer um serviço de qualidade, uma obra que contribuirá para aumentar a cobertura de esgoto do Recife.”

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