sexta-feira, 10 de junho de 2011

Fernando Lyra diz que Assembleia Legislativa dá "mau exemplo" ao País

Ex-ministro da Justiça entra no debate da polêmica da reeleição com dura advertência aos deputados

Fernando Lyra se mostra indignado e diz que não poderia ficar calado  / Rodrigo lobo/JC Imagem

Fundador do antigo MDB e membro do grupo dos “autênticos” - que mais diretamente enfrentou no Congresso Nacional a ditadura militar de 64 -, o ex-deputado federal (seis mandatos), ex-ministro da Justiça do governo José Sarney (PMDB) e ex-presidente da Fundação Joaquim Nabuco (Fundaj) Fernando Lyra acusa a Assembleia Legislativa de violar a Constituição de Pernambuco ao apresentar a Proposta de Emenda Constitucional (PEC) nº 01/2011, que reintroduz o mecanismo da reeleição ilimitada para presidente e demais cargos da mesa diretora da Casa.

Lyra advertiu que a proposta é um mau exemplo e pode causar, se aprovada, “sério dano” à imagem do Estado e da própria Assembleia diante do País, e admite que não houve ainda repercussão nacional porque a emenda foi abafada, até agora, pela crise da Casa Civil da presidente Dilma e a demissão do ex-ministro Antônio Palocci.

“Pela trajetória política que construí, não posso ficar calado. Não entendo como, no momento em que o Estado está em evidência, por seu crescimento econômico e social, o Legislativo adote uma tendência (de posição) que viola a Constituição, que vai desgastar o processo (a reeleição) e a Casa”, afirma em entrevista ao JC.

Apesar de governistas reconhecerem, publicamente, que o governo Eduardo Campos (PSB) torce pela recondução (terceira reeleição, em 2013) do presidente da Assembleia, Guilherme Uchoa (PDT), fiel aliado e principal beneficiado pela emenda, Fernando Lyra disse não acreditar na ingerência do Palácio do Campo das Princesas para aprovar a PEC nº 01/2011. O ex-ministro revelou acreditar que o Palácio, apoiado por 39 dos 49 deputados, está impossibilitado de se manifestar contra, por questões política e de relações de poder. “Eu tomaria (posição), mas admito que (o governador) não possa ou não deva”.

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