Não se pode dizer que a língua não seja prescritva. Na primeira versão deste texto (abaixo), por exemplo, cometi um erro de concordância verbal. (os termos regente e regido estavam longe um do outro). Ao reler o texto, percebi o erro e o corrigi. Fiz isso seguindo uma prescrição da chamada norma padrão.Meu recado para o os vestibulandos. É preciso estudar e conhecer as prescrições gramaticais para escrever de maneira aceitável na sociedade onde vivemos.
Desde que a imprensa tomou conhecimento de que existe variação linguística, e mais, de que esse tema visita os livros didáticos em nossas escolas, tem havido um trabalho inquisitorial contra a Linguística, que alguns articulistas consideram responsável pela ruína iminente da língua portuguesa no Brasil : em breve estaremos todos grunhindo. Uma das reações mais veementes vem de Reinaldo Azevedo, jornalista que escreve na Veja. Nos últimos tempos ele tem direcionado suas críticas aos professores da Universidade de Brasília, que imagina sejam os artífices da postura relativista em relação à norma culta . Ontem Reinado Azevedo elegeu como alvo de suas críticas o tema da redação do mais recente vestibular da UnB, que incluiu um verso da canção “Língua “ de Caetano Veloso: “Flor do Lácio Sambódromo Lusamérica latim em pó': a língua de um povo não se faz com preconceito nem com prescrição".
Naturalmente que não posso concordar com o Sr. Reinaldo Azevedo em suas críticas aos professores da UnB , ou aos compromissos pedagógicos da Linguística, na defesa dos brasileiros que não têm acesso aos modos prestigiosos de falar. Nos últimos trinta e seis anos, de meu magistério da UnB, em todos os livros que escrevi , em todas as aulas que ministrei, e na orientação dos cerca de setenta mestres e doutores que já formei, venho reiterando que temos de conhecer as variedades do Português que nossos alunos trazem para a escola e de nos empenhar em ampliar-lhes os recursos comunicativos.
No entanto, admito que não gostei do tema da redação desse último vestibular. Perguntei ao meu neto, que foi ‘treineiro’ nessas provas, como tinha sido a redação. Ele respondeu. “Não entendi muito não, Vó. Foi uma coisa lá sobre a língua portuguesa".
Não achei adequado o gênero do texto motivador da redação. A letra do Caetano me parece que ajuda pouco o vestibulando _ jovem, leitor noviço, pouco afeito à linguagem poética_ a produzir um texto dissertativo. Ademais o tema é polêmico. Como afirmar que a língua não é prescritiva? A chamada norma padrão é por natureza prescritiva. E esses conceitos são difíceis até para nós, profissionais da área, onde não há consenso sobre muitos aspectos relacionados à padronização e à pedagogia da língua, quanto mais para jovens que jamais se detiveram a pensar nesse assunto. Minha posição é que o tema do vestibular tem de ser afim à vivência cultural dos jovens vestibulandos, e o texto motivador da redação deve ser, preferencialmente, dissertativo, pois é com esse tipo textual que eles têm alguma familiaridade no Ensino Médio.
Desde que a imprensa tomou conhecimento de que existe variação linguística, e mais, de que esse tema visita os livros didáticos em nossas escolas, tem havido um trabalho inquisitorial contra a Linguística, que alguns articulistas consideram responsável pela ruína iminente da língua portuguesa no Brasil : em breve estaremos todos grunhindo. Uma das reações mais veementes vem de Reinaldo Azevedo, jornalista que escreve na Veja. Nos últimos tempos ele tem direcionado suas críticas aos professores da Universidade de Brasília, que imagina sejam os artífices da postura relativista em relação à norma culta . Ontem Reinado Azevedo elegeu como alvo de suas críticas o tema da redação do mais recente vestibular da UnB, que incluiu um verso da canção “Língua “ de Caetano Veloso: “Flor do Lácio Sambódromo Lusamérica latim em pó': a língua de um povo não se faz com preconceito nem com prescrição".
Naturalmente que não posso concordar com o Sr. Reinaldo Azevedo em suas críticas aos professores da UnB , ou aos compromissos pedagógicos da Linguística, na defesa dos brasileiros que não têm acesso aos modos prestigiosos de falar. Nos últimos trinta e seis anos, de meu magistério da UnB, em todos os livros que escrevi , em todas as aulas que ministrei, e na orientação dos cerca de setenta mestres e doutores que já formei, venho reiterando que temos de conhecer as variedades do Português que nossos alunos trazem para a escola e de nos empenhar em ampliar-lhes os recursos comunicativos.
No entanto, admito que não gostei do tema da redação desse último vestibular. Perguntei ao meu neto, que foi ‘treineiro’ nessas provas, como tinha sido a redação. Ele respondeu. “Não entendi muito não, Vó. Foi uma coisa lá sobre a língua portuguesa".
Não achei adequado o gênero do texto motivador da redação. A letra do Caetano me parece que ajuda pouco o vestibulando _ jovem, leitor noviço, pouco afeito à linguagem poética_ a produzir um texto dissertativo. Ademais o tema é polêmico. Como afirmar que a língua não é prescritiva? A chamada norma padrão é por natureza prescritiva. E esses conceitos são difíceis até para nós, profissionais da área, onde não há consenso sobre muitos aspectos relacionados à padronização e à pedagogia da língua, quanto mais para jovens que jamais se detiveram a pensar nesse assunto. Minha posição é que o tema do vestibular tem de ser afim à vivência cultural dos jovens vestibulandos, e o texto motivador da redação deve ser, preferencialmente, dissertativo, pois é com esse tipo textual que eles têm alguma familiaridade no Ensino Médio.
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