quinta-feira, 23 de junho de 2011

Indústria naval emerge em PE

NAVIOS Setor, que naufragou no País nos anos 80, ressurge em Suape com 4 estaleiros, que vão gerar mais de 11 mil empregos diretos

Pernambuco desponta no novo mapa da indústria naval brasileira, capitaneando a descentralização do setor no País, antes encravado no Rio de Janeiro. O Complexo de Suape foi o local escolhido para abrigar o cluster naval do Estado, que já nasceu grande, com a implantação do Estaleiro Atlântico Sul (EAS) - maior unidade do Hemisfério Sul. Além do EAS, estão projetados R$ 1,7 bilhão em investimentos na construção de outros três estaleiros (Promar, Construcap e Galíctico).

O polo naval é uma das âncoras do processo de reindustrialização de Pernambuco, com o surgimento de novos setores na matriz econômica do Estado. Navios de grande porte, plataformas de petróleo e sondas de perfuração serão construídas numa região onde, secularmente, predominava o cultivo de cana-de-açúcar. Juntos, os quatro estaleiros do cluster vão gerar 11.750 empregos diretos.



PIONEIRO Com investimentos de R$ 2 bilhões, o Atlântico Sul foi o primeiro estaleiro a ser construído no Brasil para alavancar o renascimento da indústria naval



Resultado de um investimento de R$ 2 bilhões das empresas Camargo Corrêa, Queiroz Galvão, PJMR Empreendimentos e da sul-coreana Samsung, o Atlântico Sul foi o primeiro estaleiro a ser construído no Brasil para alavancar o renascimento da indústria naval. Nos anos 70, o País ostentava o segundo lugar no ranking mundial do setor, atrás apenas do Japão. Nas décadas de 80 e 90 o setor praticamente naufragou e agora emerge graças à decisão do governo brasileiro de substituir as importações de embarcações e equipamentos offshore (de exploração de petróleo no mar) por produtos verde-amarelo. Capitaneado pela Transpetro, o Programa de Modernização e Expansão da Frota (Promef) encomendou 49 navios aos estaleiros nacionais.

Hoje, o EAS ostenta a maior carteira de encomendas do Brasil, estimada em US$ 8,1 bilhões. São 22 petroleiros suezmax encomendados pela Transpetro, além do casco da plataforma P-55 e de sete navios-sonda para exploração de petróleo no pré-sal. O desafio para o Atlântico Sul é acelerar a entrega das encomendas e reduzir os custos de produção dos navios.O petroleiro João Cândido, por exemplo, deveria ser entregue em setembro
de 2010, mas vai ficar para a segunda metade deste ano. Com o atraso no cronograma, a
embarcação vai totalizar três anos para ser concluída.

Na avaliação do secretário de Desenvolvimento Econômico de Pernambuco, Geraldo Júlio,
o diferencial do Estado é ter um polo naval diversificado. Em Suape serão fabricados navios
de todos os portes, plataformas, módulos e sondas. “Os estaleiros vão se complementar. O
Atlântico Sul vai produzir os cascos e o Construcap os módulos das plataformas”, exemplifica.

Odiretor comercial do estaleiro Construcap S.A, Reginaldo Silva, diz que a estimativa é construir a planta naval em 18 meses. A indústria vai consumir investimento de US$ 450 milhões e gerar 2.250 empregos diretos. “Teremos capacidade para fazer três topsides (conjunto de módulos para uma plataforma) a cada três anos”, acredita. Os topsides são estruturas que equipam as plataformas para funcionar como verdadeiras refinarias em alto-mar.

Oestaleiro Promar, que recentemente conseguiu liberação da licença ambiental, já conta com uma encomenda de oito navios gaseiros para a Transpetro, no valor de US$ 536 milhões.O empreendimento está orçado em R$ 300 milhões e vai gerar 1.500 empregos na operação.

Pernambuco também quer captar uma unidade de reparação naval para atender à frota
nacional da Transpetro, que hoje precisa ir para Cingapura ou Coreia do Sul para realizar esses serviços.Ogoverno do Estado assinou protocolo de intenção com o grupo espanhol
Galíctico, que vai investir US$ 440 milhões na construção de uma unidade de reparação naval em Suape.

A decisão do governo Federal de ressuscitar a indústria naval no País, estimulou Pernambuco a criar condições para transformar o Estado em um dos novos endereços dessa retomada. A criação de um programa de benefícios fiscais e definição de uma área destinada à implantação de estaleiros e indústrias da cadeia produtiva foram as principais
estratégias para se firmar na disputa de empreendimentos com outros Estados brasileiros.

O Programa de Desenvolvimento da Indústria Naval de Pernambuco (Prodinpe) beneficia
tanto a construção de estaleiros quanto a instalação de empresas da cadeia produtiva do setor, por meio da isenção do pagamento de ICMS na construção dos navios e no fornecimento de matéria-prima pelas indústrias aos estaleiros locais. Além dos estaleiros, o governo também prospecta empresas especializadas em megablocos e sondas para consolidar o polo naval.

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