segunda-feira, 27 de junho de 2011

Morre o cineasta Gustavo Dahl


Um ataque cardíaco matou nesta segunda o cineasta, crítico e gestor público Gustavo Dahl. Argentino naturalizado brasileiro, Dahl foi ícone do Cinema Novo e atualmente ocupava o posto de gerente do Centro Técnico Audiovisual (CTAV) do Ministério da Cultura. Assistia a um fime na cidade baiana de Trancoso e tinha 72 anos de idade quando sofreu um infarto fulminante.



Diretor de diversos curtas e de três longa-metragens - "O Bravo Guerreiro" (1968), "Uirá, um Índio em Busca de Deus" (1973) e "Tensão no Rio" (1982) -, Dahl trabalhou como montador para realizadores como Paulo Cézar Saraceni e Cacá Diegues, mas ficou nacionalmente conhecido como o primeiro diretor-presidente da Agência Nacional do Cinema (Ancine) e por sua destacável atuação na Embrafilme na década de 1970. Sob sua gestão, a superintência de comercialização do órgão conseguiu fazer com que o cinema brasileiro representasse um terço do mercado nacional, cifra que nunca mais voltou a ser atingida.

Nos anos 60, graças a uma bolsa de estudos, Dahl embarcou para Roma e, no Centro Experimental de Cinematografia da capital italiana, aproximou-se de personalidades como Marco Bellochio e Bernardo Bertolucci. Poucos depois, esteve em Paris e presenciou a consolidação do Cinema-verdade francês.

Dono de uma escrita ácida e politicamente engajada, foi ensaísta e conquistou o posto de um dos mais notáveis teóricos do Cinema Novo. Seus textos foram publicados por diversos jornais do país e em revistas como Civilização Brasileira e "Cahiers du Cinéma"

Na década de 1980, Dahl presidiu a Associação Brasileira de Cineastas, o Conselho Nacional de Cinema (Concine) e o Conselho Nacional de Direitos Autorais.

Repercussão

A ministra da Cultura, Ana de Hollanda, lamentou a morte de Dahl. "A morte inesperada de Gustavo Dahl é um golpe profundo não só para a comunidade do cinema, como para o Brasil. A começar que ele, argentino de nascimento, se tornou um brasileiro como nós por opção. Sua figura humana, luminosa e divertida, tornava as reuniões de trabalho ocasiões de enriquecimento cultural. Deixo meu abraço solidário à família, aos amigos e a toda a comunidade do cinema", disse Ana, em comunicado enviado por e-mail.

Manoel Rangel, diretor-presidente da Ancine, também se manifestou sobre o legado deixado pelo cineasta: "Sua experiência e sua vida dedicada ao cinema e ao Brasil deixam lições valiosas aos que tivemos a experiência de com ele conviver e trabalhar, e são referência para aqueles que levam adiante a luta pelo desenvolvimento do cinema e do audiovisual nacional".

GLOBO

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