segunda-feira, 20 de junho de 2011

Os caçadores do DNA do forró

Silvério e Scott, o Capibaribe e o Mississipi



Dois músicos. Um brasileiro, o outro americano. O segundo veio de seu país para o Brasil pesquisar a música nordestina. O outro vai do Brasil para a França, pesquisar a música do Sul daquele país. O interesse de ambos converge para um mesmo ponto: o forró. O brasileiro é Silvério Pessoa, que inicia no dia 1º de julho, uma turnê de 40 dias por 13 cidades européias (12 na França, e uma na Espanha). O americano é Scott Ketner, líder de um grupo de Nova Iorque chamado Nation Beat. Os dois se encontraram na redação do JC para um bate-papo informal, conversaram sobre suas carreiras, projetos, e sobre música brasileira, americana e francesa.

Scott Ketner está passando alguns dias entre o Recife e Olinda, pesquisando mais maracatu, e menos forró. O motivo do maior interesse pelo primeiro é que ele, baterista e percussionista, está escrevendo um livro sobre maracatu de baque virado, seu primeiro interesse em música brasileira: “Eu estudava na universidade, e meu professor Billy Hart, um baterista famoso, que tocou com Miles Davis e muitos outros grandes do jazz, passou a ensinar ritmos brasileiros. E aí eram os mesmos samba, bossa nova. Perguntei se no Brasil não havia outros gêneros. Ele me falou do maracatu, mas não sabia tocar. Me aconselhou a procurar brasileiros se quisesse aprender. Procurei alguns bateristas brasileiros que vivem em Nova Iorque, alguns bem conhecidos também, mas eles não sabiam tocar maracatu. Eu decidi que precisava vir para o Recife descobri a razão deste desconhecimento”, conta o músico americano.

Silvério Pessoa já fez do Sul da França, principalmente esta região, sua parada obrigatória nas várias turnês que já empreendeu pela Europa. De músico que levava o forró para outro público, virou pesquisador: “Além dos shows, vou fazer pesquisas para fundamentar minha dissertação de mestrado, vou estudar as influências da religiosidade nas festas junina, procurar um DNA do forró nos povos de idioma occitan (falado no Sul da França). Acho que o acordeom é o ponto de encontro entre estas duas culturas”, diz Silvério Pessoa, que lançou este ano o disco Collectiu, com participação de vários músicos do Sul da França.

Scott Ketner, por sua vez, mostra, na tela do celular, música da Louisiana com intrigantes semelhanças com a música pernambucana, feito o mardi gras indians, cuja batida lembra caboclinhos e coco ao mesmo tempo: “Um escravo fugiu e foi morar com os índios no interior da Louisiana, e deu nessa música”. Outros gêneros com o cajun, e o zydeco, principalmente este segundo, comungam de muitas semelhanças com a música do Nordeste. Tanto estes ritmos americanos, como os nordestinos podem ter o mesmo DNA europeu, afinal a Louisiana foi colonizadas por franceses. O forró, diz Ketner, está virando moda em Nova Iorque, odne existem pelo seis casas nas quais se ouve ou se dança música nordestna: "Agora fazer sucesso não é fácil. Assim como o Brasil, os Estados Unidos é um país muito grande, fala basicamente um só idioma, e é muito fechado para outras línguas. O Brasil é asim, rodeado de países ue falam espanhol, mas não se ouve música emespanhol aqui", compara o americano.

Silvério Pessoa começa dia 1° de julho a turnê ForrOccitán, em parceria com o grupo francês La Talvera, onde fazem a junção das músicas nordestinas e do Sul da França, com exceção de duas apresentações em Paris. Lá, com sua banda, Silvério Pessoa faz apresentações com um repertório pinçado da obra de Jackson do Pandeiro. Scott Ketner fica no Brasil volta ainda este mês aos EUA, mas volta em novembro, para uma apresentação no Brasil (ou mais, dependendo de ofertas). Enquanto isto lança mais um disco da Nation Beat, intitulado Growing stone, e trabalha em seu novo projeto, inicialmente batizado de Forró Brass Band, ou seja, forró com metais.

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