No ano 2000, Pernambuco e Rio de Janeiro eram os Estados mais violentos do Brasil, com taxas de homicídios de 54 e 50 ocorrências por 100 mil habitantes, respectivamente. Nove anos depois, as duas unidades da Federação percorreram caminhos diferentes na segurança pública
No ano 2000, Pernambuco e Rio de Janeiro eram os Estados mais violentos do Brasil, com taxas de homicídios de 54 e 50 ocorrências por 100 mil habitantes, respectivamente. Nove anos depois, as duas unidades da Federação percorreram caminhos diferentes na segurança pública. Enquanto Pernambuco permanece entre os três de maior criminalidade do País, o Rio de Janeiro caiu para a 18ª posição no ranking nacional de assassinatos, segundo os dados mais recentes do Datasus, correspondentes ao ano de 2009.
A violência fluminense atingiu o ponto máximo em 2002, com a taxa de 56,36 homicídios por 100 mil habitantes. Foram registrados 8.298 assassinatos naquele ano no Rio de Janeiro. Desde 2003, os índices estão recuando. De maneira tímida até 2006 e mais concretamente a partir de 2007. Comparando os dados de 2009 e 2000, a redução é de mais de 50%.
“Antes do governo atual, a curva de homicídios era uma linha contínua com uma queda suave. A partir de 2007, a diminuição faz verdadeiros degraus no gráfico que mede a diminuição da violência”, avalia o secretário de Segurança Pública do Rio de Janeiro, José Mariano Beltrame.
A principal arma do governo fluminense para avançar na redução da violência são as Unidades de Polícia Pacificadora (UPPs), que consistem na instalação de destacamentos da Polícia Militar em áreas antes dominadas pelo tráfico. Até agora, 17 UPPs estão em funcionamento e atendem diretamente 68 comunidades pobres. A população beneficiada chega a 300 mil habitantes.
“Aplicamos os princípios da polícia comunitária e tentamos nos aproximar da população como parceiros. Temos pouco mais de três mil PMs trabalhando nas UPPs atualmente. Até 2014, queremos chegar a 12 mil policiais militares nessas unidades”, detalha o coronel Robson Rodrigues, comandante do Programa de Polícia Pacificadora.
O processo de instalação das UPPs é iniciado com a ocupação do território sob poder do tráfico ou das milícias. Nessa primeira fase, são utilizados os batalhões especializados da PM, da Polícia Civil e até das Forças Armadas, como foi o caso do Complexo do Alemão, em novembro do ano passado. A presença ostensiva da polícia permanece até que a base militar seja instalada e o efetivo passe a atender a comunidade.
“Não diria que vencemos a guerra. O Rio vem de muitos anos de abandono. Trinta anos ou mais. No entanto, acho que nós conseguimos algo que pode nos alavancar para a solução definitiva, que foi gerar a esperança. Mexer no imaginário das pessoas e mostrar que é possível viver com mais segurança na mesma cidade”, afirma José Mariano Beltrame.
Para o pesquisador do Laboratório de Análise da Violência da Universidade Estadual do Rio de Janeiro (Uerj), Ignacio Cano, os motivos que levaram a violência a recuar no Estado a partir de 2003 não estão claros. Variáveis como melhora nos indicadores sociais e a campanha nacional do desarmamento precisam ser observadas.
“Além desses pontos, muitos outros precisam ser considerados na hora de analisar a redução no número de homicídios no Rio de Janeiro, como o avanço das milícias sobre o tráfico e a consequente mudança nas características da criminalidade. Após 2008, com o início da operação das UPPs, há uma fase de diminuição ainda maior nos índices”, pondera Cano.
Na série histórica analisada (2000-2009), a maior queda na violência fluminense aparece em 2008. No comparativo com o ano anterior, o recuo é de 26,1%. De 6.304 execuções em 2007, para 4.654 no ano seguinte.
A primeira Unidade de Polícia Pacificadora foi inaugurada em dezembro de 2008, na comunidade Santa Marta, no bairro de Botafogo, Zona Sul da cidade do Rio de Janeiro. A UPP Santa Marta tem efetivo de 123 homens para atender os 6 mil moradores do lugar.
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