domingo, 13 de janeiro de 2013

Cartas de Toronto: O bloco do eu sozinho…

Crônica


 por Veronica Heringer


Desde que entrei para o time das balzaquianas, os papos com os amigos cariocas tem como tema principal a compra ou aluguel de apartamentos na cidade maravilhosa. Os relatórios que recebo geralmente associam a chegada da Copa e das Olimpíadas a um aumento abusivo no preço de imóveis da cidade.
Mas enquanto a minha geração procura um teto por aí, no Canadá, a independência socioeconômica é realidade tanto para a Geração X (nascida entre 1960 e 1980) quanto para a Geração Y (Geração do Milênio: de 1980 até 2000, + ou -).
Dados recentes revelam que 27.6% dos lares canadenses possuem um único ocupante, uma mudança drástica em comparação às gerações anteriores.

Embora o Canadá seja bem diferente dos Estados Unidos, o “Canadian Way of Life” perpetuou a imagem da família perfeita do comercial de margarina.

A frase “two and a half kids and a white picket fence” (dois filhos, um cachorro e uma cerca branca, em tradução livre) atualmente soa obsoleta para definir a população canadense.

Em 1971, 42% dos canadenses entre 18 e 34 anos declararam-se casados e com filhos. Em 2001, apenas 18% da população perpetuava o comportamento de seus pais.

Vizinhanças específicas nas metrópoles canadenses tornam-se atraentes para a parcela da população constituída por jovens profissionais. Em Vancouver, Yaletown e Gastown, são as áreas escolhidas pelos solteiros. Já em Calgary, estima-se 45% dos imóveis de Eau Claire, Beltline e Mission são ocupados por um único morador.

Em Toronto, a Liberty Village – área industrial que desde 2004 dá lugar a prédios comerciais e residenciais – é uma das vizinhanças mais populares entre os solteiros da cidade. Negócios voltados para essa parcela da população se multiplicam: academias, bares e supermercados abertos 24 horas legitimam o estilo de vida dos solteiros e independentes.


A revolução sexual das décadas de 60 e 70, assim como aconteceu no Brasil, teve papel fundamental nessa mudanças comportamentais. A maioria dos nascidos na década de 80 cresceu vendo o pai e a mãe trabalhando e construindo carreiras.

Para nós, descobrir quem somos antes de abraçar o próximo estágio da vida não é uma derrota, mas sim uma fase de independência. Um intervalo merecido depois de anos de estudos e longos dias de trabalho...

Veronica Heringer é bacharel em Jornalismo pela PUC-Rio, mestre em Media Production pela Ryerson University e estrategista em marketing digital. Bloga no Madame Heringer.com e escreve para o Blog do Noblat aos domingos.

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