sábado, 19 de janeiro de 2013

Quem merece ganhar a carteirinha de sócio do clube dos cafajestes

Blog do Augusto Nunes

Em fevereiro de 2011, depois de uma semana de investigações, os repórteres Bruno Abbud e Branca Nunes conseguiram identificar só oito dos 11 senadores que votaram contra a permanência de José Sarney na presidência da Casa do Espanto.
Três, sabe Deus por quê, jamais assumiram publicamente a opção pela decência. Se tornou incompleta a reportagem, tal esquisitice ─ uma entre tantas ─ permitiu que se produzisse um retrato perturbador da bancada oposicionista no Senado. É o tipo de oposição com que sonham todos os governos.
Na sessão que elegeu Sarney, os quatro partidos da oposição oficial foram representados por 18 senadores. Quatro ─ dois do PSOL e dois do PSDB ─ completaram o grupo que se negou a reverenciar a Madre Superiora.
Como votaram os 14 restantes? Alguns confessaram o crime, um alegou que o voto é secreto, outros se refugiaram em falatórios ininteligíveis. Para justificar o injustificável, todos evocaram a necessidade de respeitar o que chamam de “tradições da Casa”.
Como não aparecem em nenhum código, manual, regulamento ou coisa parecida, não existem oficialmente. São normas não escritas que não têm força de lei. Como as vacinas, podem pegar ou não.
Uma das “tradições da Casa” recomenda que a formação da Mesa Diretora se baseie no critério da proporcionalidade, que confere à maior bancada partidária o direito de indicar o candidato à presidência.
Nenhum senador é obrigado a votar no indicado. Se a escolha atropelar normas éticas e morais, se agredir o bom senso, se não atender às expectativas dos eleitores, a maioria está à vontade para mandar às favas o critério da proporcionalidade e eleger qualquer um.
O dono da capitania hereditária do Maranhão livrou-se desse risco no momento em que o PSDB, o DEM e o PPS se dispuseram a engolir sem engasgos um símbolo do Brasil primitivo.

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