terça-feira, 3 de janeiro de 2012

Emoção marca o retorno de padre Vito Miracapillo

Mais de três décadas após ter sido expulso do País, religioso italiano desembarca no Recife e é festejado pelos amigos

Allison Lucas/Divulgação

Choro, alegria, solidariedade. Dezenas de pessoas – entre amigos, fieis e militantes dos direitos humanos que aguardavam o padre italiano Vito Miracapillo – não contiveram a emoção quando o religioso apareceu no saguão do Aeroporto Internacional dos Guararapes, na noite desta terça (3), vindo da Itália, para dar entrada na revalidação de seu visto permanente no Brasil.

Vito Miracapillo foi expulso do País em outubro de 1980, em plena ditadura militar, por ter se recusado a celebrar uma missa em homenagem ao Dia da Independência, na cidade de Ribeirão (Mata Sul), onde era pároco. Em novembro passado, 31 anos depois, o Ministério da Justiça concedeu novamente o direito do religioso de, caso queira, permanecer definitivamente no Brasil.

Sorridente, feliz com a recepção, o padre italiano afirmou que agora, após revalidar seu visto, ficará na expectativa acerca de seu destino. “É uma felicidade voltar. Agora, temos que ver com os bispos como vai se dar a volta. É claro que o bispo da Itália também tem que decidir me mandar. Eu sempre me senti em casa no Brasil, mesmo depois da expulsão”, disse Miracapillo, que em sua agenda de hoje irá conceder entrevista coletiva e, no fim da tarde, será recebido pelo governador Eduardo Campos (PSB) no Palácio do Campos das Princesas.

Ao desembarcar, Miracapillo reencontrou muitos dos amigos que cultivou nos cinco anos vividos em Ribeirão, antes da expulsão. Incluindo o casal Norma Sueli e Oscar Tavares de Melo, cujo matrimônio foi celebrado justamente pelo religioso no mesmo ano em que ele foi expulso do País. “Não gosto nem de lembrar da expulsão dele, para nós foi a morte”, afirma Norma, que também estava com o neto Vitor Gabriel, cujo nome foi uma homenagem ao padre.

Presente no aeroporto, o vereador de Olinda e membro do Comitê Memória, Verdade e Justiça de Pernambuco, Marcelo Santa Cruz (PT), acredita que foi feita “a reparação de uma injustiça grande”. “Não deixa de ser um fato histórico ele estar, 30 anos depois, resgatando todos os seus direitos. É mais um anistiado que chega”, ressaltou.

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