Em entrevista coletiva, padre garante não ter mágoas e conta o que sentiu quando deixava o País
O padre Vito Miracapillo concedeu na tarde desta quarta-feira a primeira entrevista coletiva desde que recebeu o direito de renovar seu visto permanente no Brasil, em novembro passado. O religioso, que chegou terça-feira à noite da Itália, disse estar muito feliz com a possibilidade de voltar em definitivo ao País, reiterou que ainda depende de seus superiores para voltar a trabalhar na Mata Sul de Pernambuco - que é o seu desejo - e garantiu não guardar mágoas do que aconteceu.
"Não conservo mágoas de ninguém. O problema que aconteceu não foi de relacionamento pessoal, e sim referente ao regime militar que estava implantado no Brasil. Hoje, meu desejo é de continuar o trabalho que realizava em Ribeirão. Se houver possibilidade, será uma alegria", afirmou Miracapillo.
Vito Miracapillo, hoje com 67 anos, era pároco no município de Ribeirão e foi expulso do País em outubro de 1980 após ter se recusado a celebrar uma missa em homenagem ao Dia da Independência. "Eu afirmei que o povo sofrido da região não era independente e não tinha o que comemorar, por isso me recusei a celebrar a missa", disse. A pedido do então deputado estadual Severino Cavalcanti (hoje prefeito de João Alfredo), o religioso foi expulso do País.
O padre ainda se lembra dos sentimentos que tomaram conta dele quando deixava o Brasil, após a expulsão. "Eu pensava: 'Quando poderei voltar...?' Na hora da separação eu senti mesmo, chorava. Foi o mesmo que sentir a morte. Depois, com as visitas que fui recebendo ao longo dos anos de brasileiros, senti que continuava com essa comunhão com o País e com o povo".
Miracapillo está no Recife hospedado na casa de amigos. No final de semana deve ir a Ribeirão - aonde tem ido com frequência, desde 1993, quando teve sua expulsão revogada e conseguiu o visto de turista - e na segunda-feira vai à Superintendência da Polícia Federal, onde dará início aos trâmites burocráticos para a revalidação de seu visto.
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