segunda-feira, 23 de janeiro de 2012

Troca de direção deixa Petrobras mais dilmista; estratégia não muda

Dilma indica amiga e pessoa de sua confiança para comandar Petrobras, Maria das Graças Foster, diretora de Gás e Energia. Atual presidente, José Sérgio Gabrielli era escolha de Lula e teve relação direta com ex-presidente, sem passar por Dilma na Casa Civil. Presidente do Conselho de Administração diz que estratégias não mudam. Troca dá continuidade a plano de Dilma de iniciar segundo ano reforçando marca pessoal no governo.



BRASÍLIA – O Conselho de Administração da Petrobras vai se reunir dia 9 de fevereiro para eleger a diretora de Gás e Energia, Maria das Graças Foster, como nova presidente da companhia, em substituição a José Sérgio Gabrielli, que em novembro tornou-se o dirigente que mais tempo comandou a estatal.

A troca deixará a Petrobras mais afinada com Dilma Rousseff numa área pela qual a presidenta tem um gosto especial – foi ministra de Minas e Energia de 2003 a 2005. Diretora desde novembro de 2007, Maria das Graças é amiga de Dilma e foi escolhida pessoalmente pela presidenta para o novo cargo – a aprovação pelo Conselho será um mera formalidade, mas necessária pois a Petrobras tem ações na bolsa e isso implica seguir algumas regras corporativas.

Já Gabrielli, que tem planos político-eleitorais na Bahia, era uma indicação do ex-presidente Lula e sempre manteve com ele uma relação direta, o que incomodava Dilma nos tempos em que chefiava a Casa Civil do antecessor. Em 2011, Gabrielli não teve nenhuma audiência com Dilma – ao menos audiêncial oficial daquele tipo que fica registrado na agenda pública da Presidência.

A troca na direção da companhia foi anunciada de forma oficial nesta segunda-feira (23), em uma nota da Petrobras. Segundo o texto, a indicação de Maria das Graças será levada à reunião no dia 9 pelo presidente do Conselho, Guido Mantega, ministro da Fazenda. O colegiado tem no total nove conselheiros.

A decisão ocorre num momento em que presidenta começa aa profundar sua marca no montagem e modelagem do governo, depois de um primeiro ano que pode ser considerado uma transição Lula-Dilma.

Na semana passada, ela anunciou substituição no ministério da Educação – sai Fernando Haddad, que vai concorrer à prefeitura de São Paulo por obra de Lula, entra Aloizio Mercadante, que apesar da relação histórica com o ex-presidente, jamais tinha sido ministro antes, a agora vai para a segunda pasta.

Também escolheu um novo porta-voz, o jornalista Thomas Traumann, que chegou ao Palácio do Planalto em janeiro de 2011 com o ex-ministro Antonio Palocci (Casa Civil), sobreviveu à demissão do petista e conquistou a confiança da presidenta enquanto assessor especial da Secretaria de Comunicação Social.

As trocas ocorreram às vésperas de a presidenta realizar a primeira reunião ministerial do ano, nesta segunda-feira (23). Ela vai discutir os rumo do governo em 2012. Depois de um primeiro ano marcado, na política, por uma inédita quantidade de demissão de ministros em decorrência de denúncias da imprensa, e, na economia, por uma crise global que freou o crescimento, Dilma quer iniciar o segundo ano de mandato de forma diferente, com mais ênfase no crescimento da economia.

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