Após duas décadas de desafios, 2012 se inicia com uma etapa de amadurecimento e de unidade na diversidade em defesa dos direitos inalienáveis de existir do povo palestino. As entidades que organizaram o I Encontro de Solidariedade ao Povo Palestino formaram agora o Comitê Preparatório do Fórum Social Palestino Livre que, sob os auspícios do Fórum Social Mundial, será realizado no Brasil em novembro de 2012. O artigo é de Francisco Miraglia e Soraya S. Smaili.
Nos últimos anos, muitas entidades e partidos políticos da sociedade civil brasileira têm atuado pelos direitos do povo palestino de existir e constituir uma nação. Na década de 80, paralelamente às lutas pela redemocratização do país e após um longo período de ditadura militar, houve a formação de Comitês de Solidariedade ao Povo Palestino com a participação de diferentes forças políticas. A luta pelas liberdades democráticas no Brasil se misturava com a luta dos palestinos nos movimentos da primeira intifada (levante).
Os acordos de Oslo, na década de 90, trouxeram uma dualidade. Se por um lado possibilitaram formalizar a Autoridade Nacional Palestina (ANP) e o retorno de membros da OLP à terras palestinas, por outro, promoveram a desmobilização de uma parte significativa da resistência, que passou a atuar pelo processo de paz que se apresentava como perspectiva. No decorrer dos anos, o Estado Palestino não se efetivou e no interior das fronteiras de 67 houve um aumento na construção dos assentamentos judaicos, deixando o sonho palestino de constituição de um Estado cada vez mais longínquo. Ao mesmo tempo, a década era pavimentada pela chamada nova ordem mundial e pela teoria que preconizava o “fim da história” de Francis Fukuyama. Não à toa, foi posteriormente chamada de “década perdida”, caracterizada também pela desmobilização não só da organização social palestina, bem como dos movimentos sociais brasileiros engajados nesta causa.
O início da primeira década do milênio foi marcado pelo anunciado fracasso dos acordos de Oslo, e mais surpreendemente, pelos acontecimentos de 11 de setembro de 2001. Fatos que fortaleceram um movimento em curso de demonização dos árabes e do islã que foi usado para a invasão do Iraque pelos EUA. Atendendo a um chamado internacional, foram criados no Brasil comitês contra a guerra do Iraque. Ainda em 2003, com a morte do intelectual palestino Edward Said, manifestações importantes da sociedade se juntaram na realização de um ato em sua homenagem, resultando em maior divulgação de sua obra, em especial do “Orientalismo”, e na formação de um Instituto da Cultura Árabe, entidade da sociedade brasileira com o objetivo de desfazer os estereótipos em torno da cultura árabe e discutir as questões da atualidade.
Em 2006 e 2008, outros comitês foram formados diante dos bombardeios ao Líbano em 2006 e à Gaza em 2008. Apesar de ainda reativos aos acontecimentos e mesmo diante das próprias dificuldades e divergências, os movimentos sociais brasileiros deram respostas aos chamados e à necessidade de iniciar uma organização mais efetiva.
Uma década depois do 11 de setembro de 2011, o cenário mostrou uma profunda modificação. Ficou claro que a invasão ao Iraque foi um erro que custou muitas vidas e provocou enorme destruição. Ao mesmo tempo, as grandes potências e prováveis negociadores mostraram a falta de interesse em uma solução para a questão palestina. Por outro lado, os povos árabes realizaram fortes levantes populares em busca de melhores condições de vida. Atuaram abertamente pela queda dos regimes ditatoriais, o que parece derrubar um dos maiores mitos da década ao mostrar que os árabes são absolutamente capazes de lutar por democracia e dignidade.
Foi nesse contexto que um conjunto de entidades organizou o I Encontro de Solidariedade ao Povo Palestino, realizado na Escola Nacional Florestan Fernandes em novembro de 2011. O Encontro se destacou, entre outras coisas, pela vinda de importantes lideranças dos movimentos sociais palestinos. Entre as entidades estavam presentes representantes do Stop The Wall; da União dos Comitês de Mulheres Palestinas – UPWC; dos sindicatos de trabalhadores (General Union of Palestinian Workers – GUPW/ Palestinian General Federation of Trade Union – PGFTU/ Coalition of Independent Democratic Unions – CIDU); dos Camponeses/as (União dos Comitês de Trabalho Agrícola – UAWC); dos estudantes (União Geral de Estudantes Palestinos- GUPS0; dos pres@s polític@s (Ministério Palestino de Assuntos dos presos); dos Comitês Populares e dos Refugiados (Mundubat).
As entidades que participaram da organização do I Encontro construíram um documento que praticamente engloba os eixos que vêm sendo desenvolvidos por várias organizações brasileiras. Essas entidades passaram a formar o Comitê Preparatório do Forum Social Palestina Livre que, sob os auspícios do Forum Social Mundial, ocorrerá no Brasil em novembro de 2012.
Além disso, essas e demais instituições brasileiras que se somarem, organizarão o Comite Brasileiro de Solidariedade ao Povo Palestino. Um Comitê Brasileiro que englobará diferentes frentes de atuação, que tenha uma gestão ampla e democrática e permita agregar entidades dos movimentos sociais, centrais sindicais, sindicatos, entidades estudantis, entidades de mulheres, entidades culturais, partidos políticos e entidades da comunidade árabe palestina em torno da importante causa.
Após duas décadas de desafios, 2012 se inicia com uma etapa de amadurecimento e de unidade na diversidade em defesa dos direitos inalienáveis de existir do povo palestino.
Os acordos de Oslo, na década de 90, trouxeram uma dualidade. Se por um lado possibilitaram formalizar a Autoridade Nacional Palestina (ANP) e o retorno de membros da OLP à terras palestinas, por outro, promoveram a desmobilização de uma parte significativa da resistência, que passou a atuar pelo processo de paz que se apresentava como perspectiva. No decorrer dos anos, o Estado Palestino não se efetivou e no interior das fronteiras de 67 houve um aumento na construção dos assentamentos judaicos, deixando o sonho palestino de constituição de um Estado cada vez mais longínquo. Ao mesmo tempo, a década era pavimentada pela chamada nova ordem mundial e pela teoria que preconizava o “fim da história” de Francis Fukuyama. Não à toa, foi posteriormente chamada de “década perdida”, caracterizada também pela desmobilização não só da organização social palestina, bem como dos movimentos sociais brasileiros engajados nesta causa.
O início da primeira década do milênio foi marcado pelo anunciado fracasso dos acordos de Oslo, e mais surpreendemente, pelos acontecimentos de 11 de setembro de 2001. Fatos que fortaleceram um movimento em curso de demonização dos árabes e do islã que foi usado para a invasão do Iraque pelos EUA. Atendendo a um chamado internacional, foram criados no Brasil comitês contra a guerra do Iraque. Ainda em 2003, com a morte do intelectual palestino Edward Said, manifestações importantes da sociedade se juntaram na realização de um ato em sua homenagem, resultando em maior divulgação de sua obra, em especial do “Orientalismo”, e na formação de um Instituto da Cultura Árabe, entidade da sociedade brasileira com o objetivo de desfazer os estereótipos em torno da cultura árabe e discutir as questões da atualidade.
Em 2006 e 2008, outros comitês foram formados diante dos bombardeios ao Líbano em 2006 e à Gaza em 2008. Apesar de ainda reativos aos acontecimentos e mesmo diante das próprias dificuldades e divergências, os movimentos sociais brasileiros deram respostas aos chamados e à necessidade de iniciar uma organização mais efetiva.
Uma década depois do 11 de setembro de 2011, o cenário mostrou uma profunda modificação. Ficou claro que a invasão ao Iraque foi um erro que custou muitas vidas e provocou enorme destruição. Ao mesmo tempo, as grandes potências e prováveis negociadores mostraram a falta de interesse em uma solução para a questão palestina. Por outro lado, os povos árabes realizaram fortes levantes populares em busca de melhores condições de vida. Atuaram abertamente pela queda dos regimes ditatoriais, o que parece derrubar um dos maiores mitos da década ao mostrar que os árabes são absolutamente capazes de lutar por democracia e dignidade.
Foi nesse contexto que um conjunto de entidades organizou o I Encontro de Solidariedade ao Povo Palestino, realizado na Escola Nacional Florestan Fernandes em novembro de 2011. O Encontro se destacou, entre outras coisas, pela vinda de importantes lideranças dos movimentos sociais palestinos. Entre as entidades estavam presentes representantes do Stop The Wall; da União dos Comitês de Mulheres Palestinas – UPWC; dos sindicatos de trabalhadores (General Union of Palestinian Workers – GUPW/ Palestinian General Federation of Trade Union – PGFTU/ Coalition of Independent Democratic Unions – CIDU); dos Camponeses/as (União dos Comitês de Trabalho Agrícola – UAWC); dos estudantes (União Geral de Estudantes Palestinos- GUPS0; dos pres@s polític@s (Ministério Palestino de Assuntos dos presos); dos Comitês Populares e dos Refugiados (Mundubat).
As entidades que participaram da organização do I Encontro construíram um documento que praticamente engloba os eixos que vêm sendo desenvolvidos por várias organizações brasileiras. Essas entidades passaram a formar o Comitê Preparatório do Forum Social Palestina Livre que, sob os auspícios do Forum Social Mundial, ocorrerá no Brasil em novembro de 2012.
Além disso, essas e demais instituições brasileiras que se somarem, organizarão o Comite Brasileiro de Solidariedade ao Povo Palestino. Um Comitê Brasileiro que englobará diferentes frentes de atuação, que tenha uma gestão ampla e democrática e permita agregar entidades dos movimentos sociais, centrais sindicais, sindicatos, entidades estudantis, entidades de mulheres, entidades culturais, partidos políticos e entidades da comunidade árabe palestina em torno da importante causa.
Após duas décadas de desafios, 2012 se inicia com uma etapa de amadurecimento e de unidade na diversidade em defesa dos direitos inalienáveis de existir do povo palestino.
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