sábado, 27 de agosto de 2011

Câmara barra projeto de gratuidade em estacionamentos

Projeto de lei tentava vetar cobrança por vagas para vários tipos de estabelecimentos. CCLJ vetou proposta


Uma proposta de lei federal que proibiria a cobrança pelo uso de estacionamentos em shoppings, hospitais e universidades foi enterrada na Câmara dos Deputados, na última quarta-feira. O tema gerou polêmica este ano com uma lei recifense. O projeto de lei federal tramitava há 14 anos no legislativo e foi considerado inconstitucional pela própria Câmara dos Deputados, na Comissão de Constituição, Legislação e Justiça (CCLJ).

A proposta é de 1997, do deputado federal João Paulo Cunha (PT-SP). Para ele, a cobrança pelos estacionamentos em estabelecimentos comerciais seria abusiva, contra o Código de Defesa do Consumidor.

Os deputados resolveram juntar vários outros projetos sobre o assunto para que as propostas fossem avaliadas como se fossem um único documento. A Comissão de Defesa do Consumidor levantou sete dessas propostas, apresentadas até 2001, e aprovou todas. Mas a Comissão de Desenvolvimento Econômico, Indústria e Comércio rejeitou o pacote.

Quando a papelada voltou para a CCLJ, a análise (o voto) do relator, o deputado Chico Lopes (PCdoB-CE), foi pela aprovação do projeto. Uma nova discussão surgiu e outro deputado, Fábio Trad (PMDB-MS), resolveu apresentar um voto em separado com um entendimento totalmente oposto.

O resultado foi que Fábio Trad ganhou a briga. O deputado do PMDB lembra que o Supremo Tribunal Federal (STF) diversas vezes considerou inconstitucionais leis semelhantes feitas por Estados e municípios, como o Recife.

A questão fundamental, explica o parlamentar em seu voto, é que há um choque entre esse tipo de proposta com o direito à propriedade, garantido pela Constituição Federal. E todos os dispositivos previstos no projeto de lei 2.889/1997, do deputado Chico Lopes, buscavam disciplinar a exploração econômica de bens privados.

Em nota distribuída à imprensa, a Associação Pernambucana de Shopping Centers (Apesce) considerou o desfecho do projeto de lei uma vitória. A entidade ainda aguarda o desfecho de sua briga jurídica com a prefeitura do Recife. O que há até agora são múltiplas decisões temporárias favoráveis à cobrança por clínicas, hospitais, laboratórios, empresariais, shoppings e faculdades.

No Recife, a polêmica envolve a lei 17.657/2010. Mesmo aprovada, a regra passou seis meses sem ser aplicada, até o início de junho, quando o Ministério Público de Pernambuco (MPPE) passou a exigir seu cumprimento. Em pouco tempo, porém, veio a suspensão da lei, e uma briga que ainda segue no Judiciário.

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