sábado, 27 de agosto de 2011

Racha no PT expõe Humberto Costa

Descontentes criticam a forma como a tendência tem sido conduzida no Estado


Um racha na principal tendência do PT em Pernambuco, a Construindo um Novo Brasil (CNB), expõe a liderança do principal nome do grupo: o senador Humberto Costa. Sem querer fulanizar, os descontentes criticam a forma como a tendência tem sido conduzida no Estado e, consequentemente, o próprio PT, já que a CNB controla mais da metade do diretório estadual.

Esses filiados passam a atuar de forma independente. Não quer dizer que estejam criando uma nova tendência. Até porque continuam se reportando às lideranças da CNB nacional. Apoiam, contudo, um movimento dentro do partido que quer ampliar os espaços de poder do PT. E isso passa pela defesa do lançamento de candidaturas próprias nas eleições municipais de 2012.

Esses petistas, mesmo ressaltando que integram a administração do governador Eduardo Campos, não querem ficar à reboque do PSB, uma vez que os socialistas estão se movimentando para lançar candidatos majoritários na maioria das cidades. O PSB e o PT sabem que o quadro político para a eleição estadual de 2014 está atrelado ao espaço conquistado em 2012.

“Temos consciência de que o PT não é o único ente político comprometido com as transformações sociais. Temos preciosos aliados, desde partidos políticos até organizações, movimentos sociais e instituições, que precisam ser considerados. Porém, o PT não pode descuidar do reconhecimento do seu próprio potencial político, de qualificar e estimular seus quadros, de preparar sua militância para esse próximo período da conjuntura”, diz um trecho do manifesto lançado ontem pelo grupo em um ato público.

No Recife, esse núcleo independente apoia, em tese, a reeleição do prefeito João da Costa, mas ressalta que o debate político sobre o quadro terá que acontecer. Em 2008, o nome de Costa foi imposto pelo então prefeito, o hoje deputado federal João Paulo – os dois Joões, porém, estão rompidos politicamente.

O manifesto é assinado por 113 filiados, a maioria dirigentes partidários. No grupo estão o ex-presidente regional do PT Jorge Perez, a deputada estadual Teresa Leitão e o vice-prefeito de Olinda, Horácio Reis. Em Olinda, base política de Horácio e Teresa, o atual prefeito Renildo Calheiros (PCdoB) é candidato à reeleição com o apoio do PSB e dos líderes da CNB.

Além de Humberto Costa, estão no comando da CNB: o presidente regional e deputado federal Pedro Eugênio, o também deputado federal Maurício Rands (secretário estadual de Governo) e os estaduais Isaltino Nascimento (secretário estadual de Transportes), Sérgio Leite e Izabel Cristina. Horácio e Teresa defendem, internamente, a candidatura própria em Olinda em função do desgaste da imagem de Renildo. O nome que tem sido trabalhado por essa ala independente é o de Teresa.

DEBATE - Os “independentes” reforçam que o PT tem nomes fortes para as disputas em Paulista, Jaboatão dos Guararapes, Camaragibe e Moreno, só para citar algumas cidades do Grande Recife. Esse grupo descontente acredita que o manifesto vai estimular a prática coletiva do debate.

Em outro trecho do documento, o grupo enumera os problemas internos que levaram ao racha: o distanciamento dos movimentos sociais, a ausência de debates estratégicos, a fulanização dos projetos políticos e a tomada de decisões que representam a vontade individual ou a de um pequeno grupo.

Jorge Perez acredita que essa posição não vai fragilizar a agremiação, que, no Recife, já enfrenta problemas com o embate entre os Joões. “Não temos objetivo de fragilizar ninguém nem o partido. Não estamos rompendo. Estamos chamando a militância para recuperar o debate estratégico. Pernambuco está em um momento de desenvolvimento extraordinário. Sabemos que contribuímos. Qual é a posição do PT? Sentimos falta desse debate”, falou Perez.

Teresa lembrou que o PT já passou por outros momentos como este. “Se a opinião pública analisar nossa postura, vai perceber que sempre estivemos com o PT nos bons e maus momentos. Nunca abandonamos o barco”, frisou.

Diplomáticos, Perez e Teresa não debitaram a Humberto a decisão pelo racha. “Não podemos responsabilizar uma pessoa”, falou Teresa. Ele, contudo, é um nome importante porque é líder do PT no Senado e vice-presidente nacional da sigla. “Não somos contrários ao fortalecimento de lideranças, mas desejamos que essas lideranças atuem para fortalecer o partido”, falou Perez. Humberto e Pedro Eugênio não foram localizados.

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