quinta-feira, 11 de agosto de 2011

Mais cortes são anunciados na São Mateus

Empregados esperavam retomar atividades ontem, mas foram demitidos. Agora vão entrar na Justiça para cobrar os direitos


Trabalhadores fizeram protesto na segunda-feira contra o problema na empresa. oto: Hélia Scheppa/JC Imagem

A esperança morreu para os funcionários do São Mateus Frigorífico Industrial. Depois de duas promessas de retorno à produção - a última prometida -, a diretoria da empresa chamou dois representantes de vendedores e dois de operários para comunicar que vai fechar a conta de todos os colaboradores.

"Eles conversaram com o departamento pessoal da firma, com uma funcionária chamada Vera. Ela informou que o frigorífico chamaria de 15 a 15 funcionários para fazer as rescisões. Para os vendedores, o recado foi o de que teríamos de procurar nossos direitos na Justiça", informou Paulo Miranda, vendedor da empresa durante 11 anos. Ele reivindica dois meses de salários atrasados, fora os benefícios sociais.

Segundo o funcionário, todos os 11 vendedores da São Mateus no Recife levaram o calote da empresa, fora os profissionais de venda do Ceará, Rio Grande do Norte e Paraíba. A empresa foi procurada, mas nem mesmo a gerente de marketing do grupo não foi localizada. "Fernanda foi desligada na quarta-feira", disse Miranda. "No mês passado foram 350 demissões. Agora é o resto. A fábrica tinha 1.200 funcionários e não vai ficar ninguém", informa o ex-funcionário, que já entrou na Justiça e agora passou a procurar outro emprego. "É difícil para quem tem mais de 40 neste País", aflige-se.

O presidente do sindicato dos trabalhadores da indústria, Francisco Marinho, confirmou as demissões. "A partir de hoje (ontem) a empresa não funciona mais. Mandou dizer que afastou todo mundo e orientou os trabalhadores a procurarem o sindicato ou a Justiça", disse. Entre os funcionários, o temor é o de que a empresa não honre com os seus compromissos trabalhistas. "Nunca depositaram o FGTS e dos acordos que fazem na Justiça, pagam a primeira parcela e depois param", acusa Miranda.

A crise na São Mateus começou a dar sinais há cerca de um ano, quando a empresa passou a atrasar salários. Em julho, as incertezas tomaram corpo quando a diretoria do frigorífico suspendeu a produção da indústria e deu férias coletivas aos trabalhadores. A expectativa era que as operações fossem retomadas na segunda-feira, mas a data foi postergada para ontem, o que, de fato, não aconteceu. Além do afastamento temporário, 356 empregados já foram demitidos.

O grupo familiar tem mais de 40 anos e o seu patriarca, José Régis Cavalcanti, morreu há seis anos. Depois de sua morte, segundo Paulo Miranda, seus filhos passaram a se desfazer do patrimônio da empresa, vendendo caminhões e todos os veículos e a terceirizar os serviços.

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