Sem intervenção da PCR, guardadores de carros tomam conta do Centro, com regras que proíbem invadir a área um do outro
A prisão do flanelinha Fabrício Barros de Souza, 21 anos, na Rua da Moeda, no Bairro do Recife, na última terça-feira (23), joga luz sobre um problema que o recifense tem sido forçado a conviver: o loteamento do espaço público entre guardadores de carro, principalmente no Centro da cidade, sem a intervenção da Prefeitura do Recife. O flanelinha foi acusado de ameaçar e tentar extorquir um policial civil ao insistir na venda de uma folha de Zona Azul por um valor acima do tabelado.
Nas regras da rua, cada guardador atua num local bem definido. É proibido "invadir" a área do outro. O acordo informal vigora tanto para as 2.702 vagas do estacionamento rotativo, quanto para os locais em que não há Zona Azul. No sacrifício que se tornou achar um lugar disponível para guardar o carro, motoristas são obrigados a pagar o preço ditado por quem segura a flanela.
Na Avenida Rio Branco, próximo ao Marco Zero e em frente à delegacia onde foi registrada as duas prisões de flanelinhas (a primeira foi em maio), quatro guardadores se distribuem ao longo da via. Todos são intermediários e revendem o bilhete por R$ 2. Os irmãos Luzinaldo, 52, e Luiz Machado da Silva, 60, trabalham no local há duas décadas. "Vendo por R$ 2. Mas quando o motorista quer pagar a mais, aceito, lógico. Mas o preço certo é R$ 2", contou Luiz. Nas Ruas do Aragão (Praça Maciel Pinheiro) e do Imperador (Praça 17), a divisão do território é seguida à risca. Assim como o valor praticado de, no mínimo, R$ 2.
Questionado pelo JC sobre a responsabilidade do município no disciplinamento da compra e venda da Zona Azul, o prefeito João da Costa ficou contrariado. Apesar das folhas do estacionamento rotativo exibirem o brasão da prefeitura, ele não quis comentar a proposta de cadastramento dos guardadores. Pela sugestão, os flanelinhas passariam a ter direito de comprar a folha por R$ 0,30 e repassar por R$ 1, assim como fazem os pontos credenciados.
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