"Última vez que falei com prefeito foi em novembro de 2009"

Aliada e militante do ex-prefeito João Paulo (PT), a ex-secretária de Comunicação Social da Prefeitura, Ruth Vieira, já sabia que sua função na pasta tinha um “prazo de validade” desde que “assumiu” o cargo indicado pela sua antecessora, Lygia Falcão, braço direito do ex-gestor. Ela cita como exemplo emblemático a falta de comunicabilidade com o prefeito João da Costa (PT). Segundo Ruth, a última vez que o gestor falou com ela foi na segunda quinzena de novembro de 2009, quando ela retornou das férias. A exoneração foi oficializada ontem no Diário Oficial.

Através de nota, esclareceu que seu desligamento “não está relacionado com a inserção de notas em twitter ou outro fato isolado”. “A questão é outra. O atual prefeito simplesmente rompeu com o projeto de seu antecessor, João Paulo, que teve ampla aceitação popular ao longo de oito anos de gestão”, diz no texto, frisando que sua saída tem a ver com “a descontinuidade de uma linha política e a quebra de um compromisso assumido com a população na campanha de 2008”. Diz ainda que ao “discordar desse rumo” foi exonerada. Na nota, Ruth diz lamentar o “ambiente de desrespeito e hostilidade instaurado na Prefeitura”. “Onde havia alegria e motivação, há medo e deslealdade”.

Ruth ressaltou que há um certo clima de “o sonho acabou” entre os funcionários ligados a João Paulo e que devem entregar os referidos cargos até março. “Quando comecei a trabalhar no comando da Comunicação, tive o mesmo sentimento que Lygia quando estava ainda no cargo. Criou-se um ambiente para que ela não trabalhasse e o mesmo aconteceu comigo”, lamentou. “As evidências (da exoneração) estavam nas quatro paredes da minha sala”. Ela ainda conta que sob o comando de João Paulo e diretamente ligada à então secretária Lygia Falcão, o modelo de comunicação era “baseado em princípios éticos, transparência e respeito profissional”, mas que, a partir da gestão de Costa, “foi aos poucos sendo deixado para trás”. “Não ouso especular a respeito dos rumos que a Prefeitura e sua área de comunicação irão tomar, mas alguns indícios são preocupantes, com reflexos no ambiente de trabalho”. Ela afirma ainda que seguirá ao lado de João Paulo e “daqueles que lutam lealmente por direitos humanos sociais”.