quarta-feira, 6 de janeiro de 2010

Farra das passagens é mantida no Senado

Em mais uma manobra silenciosa, a Mesa Diretora do Senado concedeu aos senadores um benefício em 2010, ano eleitoral: a possibilidade de usar a verba de passagem aérea que não foi utilizada em 2009. Essa prática havia sido proibida num ato aprovado em abril do ano passado que criou novas regras para o uso dos bilhetes depois do escândalo conhecido como “farra das passagens”. No dia 17 de dezembro, sem alarde, a Mesa Diretora recuou e autorizou os senadores a usarem a sobra de 2009 em 2010, aumentando a cota num ano em que 54 das 81 cadeiras do Senado serão renovadas nas eleições de outubro. A decisão foi publicada no Diário Oficial do Senado no dia 22, nas vésperas do recesso parlamentar.

Assinaram a medida o presidente da Casa, José Sarney (PMDB-AP), e os senadores Serys Slhessarenko (PT-MT), Heráclito Fortes (PMDB-PI), Mão Santa (PMDB-PI), Patrícia Sabóya (PDT-CE) e Gerson Camata (PMDB-ES), integrantes da Mesa Diretora. Desses, apenas Sarney - eleito em 2006 - não disputa uma nova eleição em 2010.

A desculpa para o recuo é que os senadores ainda não se acostumaram com as novas regras. O texto do ato administrativo alega que a decisão anterior “não previu período de transição”. A medida explica que “os créditos da verba de transporte aéreo disponíveis em 31 de dezembro” poderão ser usados em 2010. A manobra da Mesa Diretora na véspera do recesso de fim de ano segue uma rotina do Senado de não avançar nas mudanças internas após um ano recheado de escândalo envolvendo servidores, senadores, e o próprio presidente José Sarney, foco da crise dos atos secretos. A reforma tão prometida pelo senador, ao assumir o comando da Casa há quase um ano, fracassou e não foi votada. Sarney agora promete apreciá-la em plenário no primeiro semestre deste ano.

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